USP: Extrato de pariparoba protege a pele da radiação ultravioleta

Descoberta permitirá o desenvolvimento de cosméticos por meio de contrato entre a USP, a Fapesp e a Natura

qui, 07/10/2004 - 19h15 | Do Portal do Governo

Uma pesquisa realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP traz novas possibilidades no desenvolvimento de produtos cosméticos fotoprotetores e antienvelhecimento da pele. Um composto (4-nerolidilcatecol) extraído da raiz da planta popularmente conhecida como pariparoba (pothomorphe umbellata) demonstrou ter ação antioxidante e fotoprotetora mais intensa do que a encontrada no alfa-tocoferol (vitamina E), usado em formulações cosméticas para prevenção do envelhecimento cutâneo.

A descoberta, em processo de registro de patente, foi realizada pela professora Silvia Berlanga de Moraes Barros, do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da FCF, e por sua aluna de doutorado, Cristina Dislich Ropke (atualmente pós-doutoranda do mesmo Departamento). ‘Embora a patente ainda não tenha sido concedida, os frutos do trabalho já podem ser colhidos’, conta a professora Silvia.

Nesta semana, a empresa Natura Inovação e Tecnologia de Produtos Ltda. foi declarada vencedora da licitação de concessão de licença para uso cosmético com exclusividade, para o Brasil e o exterior, do privilégio da invenção nacional e internacional e para o fornecimento de tecnologia utilizado na pesquisa. De acordo com Sílvia, a assinatura do contrato será nos próximos dias.

A USP e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) – que concedeu bolsa de doutorado para Cristina Dislich Ropke – são as titulares do pedido de patente, e receberão, cada uma, 50% do contrato. ‘A USP repassará, a título de incentivo aos pesquisadores, 50% da receita que obtiver com o contrato. O restante será dividido em 40,5% para o departamento, 4,5% para a unidade e 5% para a reitoria.’ Segundo a professora Silvia, o contrato concede a licença de desenvolvimento de produtos de uso cosmético (gel, creme, filtro solar).

Radiação ultravioleta

A Pothomorphe umbellata também é conhecida como capeba, caapeba-do-norte, caapeba verdadeira, catajé, malvarisco, capeua, aguaxima e malvaísco. A planta, originária da Mata Atlântica, é encontrada em São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e sul da Bahia. Popularmente, seu uso foi associado ao tratamento de insuficiência renal, queimaduras, feridas e má digestão. Porém, segundo a professora, não há na literatura científica provas de que a pariparoba é eficaz contra esses males.’Com nossas pesquisas conseguimos demonstrar a ação protetora do extrato da raiz da planta contra os raios ultravioleta do tipo UVB’, conta.

As pesquisadoras realizaram experimentos in vitro que comprovaram uma ação antioxidante superior do 4-nerolidilcatecol em relação ao alfa-tocoferol. Outros testes também foram feitos em camundongos, após exposição crônica à radiação UVB. ‘Os exames de microscopia nesses animais demonstraram que essa substância previne o envelhecimento cutâneo e reduz o processo de hiperplasia do epitélio, processo que pode levar ao desenvolvimento de células cancerígenas’, explica.

Com esses resultados promissores, Silvia e Cristina decidiram entrar com o pedido da patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). Posteriormente, o pedido foi estendido a outros países via PCT (Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes).

Valéria Dias – Agência USP