USP: Exposição a metal tóxico muda trabalho em fundições

Indústrias artesanais de metais sanitários adotam medidas de proteção

ter, 10/05/2005 - 18h17 | Do Portal do Governo

Um estudo sobre a exposição a metais tóxicos em fundições artesanais de metais sanitários no Paraná mudou o ambiente de trabalho nestas indústrias. A pesquisa, descrita na tese de doutorado de Cláudia Regina dos Santos na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, analisou a exposição a chumbo, cádmio, níquel e manganês. ‘Estas substâncias, em especial o chumbo, podem causar riscos à saúde se não houver proteção adequada’, diz a pesquisadora.

Cláudia avaliou amostras de sangue e urina de 273 trabalhadores de oito indústrias em Loanda, noroeste do Paraná, que produzem torneiras e registros artesanalmente, fundindo liga de latão para obter o material das peças acabadas. ‘O latão é composto principalmente de cobre e zinco, e metais de relevância toxicológica são encontrados sob a forma de impurezas’, relata. ‘Chumbo, cádmio, níquel e manganês estão em menos de 3% da liga utilizada.’

A pesquisadora ressalta que os riscos à saúde da exposição ao chumbo são elevados, apesar das quantidades encontradas estarem abaixo do limite tolerado pela lei brasileira. ‘No Brasil são permitidos 60 microgramas por decilitro de sangue, enquanto nos Estados Unidos são admitidos 30 microgramas’, diz Cláudia. ‘Pela legislação nacional, só 7 trabalhadores (4%) foram afastados do ambiente de trabalho, mas com a recomendação norte-americana, 108 trabalhadores, ou seja 61%, seriam afastados.’

Prevenção
Cláudia relata que os níveis de cádmio estão dentro do recomendado pela legislação nacional e internacional, que é de 5 microgramas por grama de creatinina. ‘Mas isto não elimina os riscos da exposição prolongada, por anos à fio.’

Quatro empresas envolvidas no estudo modificaram os locais de trabalho. ‘As instalações foram ampliadas e adotaram-se sistemas de exaustão e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) apropriados, o que não ocorria antes’, afirma. Seis meses após as mudanças, novos exames apresentaram redução significativa nos níveis de exposição aos metais. ‘Mesmo com técnicas artesanais, é possível produzir sem exposição excessiva a fumos metálicos, desde que o trabalho ocorra em um ambiente adequado.’

De acordo com a pesquisadora, a exposição excessiva ao chumbo pode causar perda de peso, fadiga, dor de cabeça, alterações sanguíneas e no sistema nervoso central. ‘O cádmio causa descalcificação óssea, problemas renais, e suspeita-se que possa causar câncer’, diz.

A pesquisa foi realizada em parceria entre a FCF e o Instituto de Química (IQ) da USP, a Delegacia Regional do Trabalho (DRT) do Paraná, a Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho) e o Ministério Público do Paraná.

Júlio Bernardes – Agência USP