USP: Estudo relaciona mortes com mudança de temperatura em São Paulo

Pesquisa da Faculdade de Medicina foi realizada nos anos de 2001 e 2002

ter, 03/06/2003 - 12h00 | Do Portal do Governo

As mudanças bruscas de temperaturas na cidade de São Paulo estão associadas com os índices de mortalidade do município. A constatação é do professor Nélson da Cruz Gouveia, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), que realizou o estudo epidemiológico em 2001 e 2002. Ele reforçou as evidências já observadas em países europeus mais frios de que tanto as “ondas de frio” quanto as “ondas de calor” têm efeitos negativos sobre a saúde da população, refletindo diretamente nas taxas de mortalidade. O trabalho será publicado ainda este mês no International Journal of Epidemiology.

O efeito da temperatura foi observado em todas as faixas etárias, mas com maior freqüência entre crianças e idosos. A análise também concluiu que o efeito da mortalidade é maior nos períodos de queda de temperatura, diferentemente dos países europeus, onde o efeito maior ocorre com as “ondas de calor”.

Impacto da temperatura

O epidemiologista Nélson Gouveia analisou as mortes ocorridas em São Paulo, entre os anos de 1991 e 1994. Para cada aumento de 1° C na temperatura ambiente, acima de 20° C, observou-se um aumento de 1,5% na mortalidade geral em adultos, de 2,6% em crianças e de 2,5% em idosos. E para cada diminuição de um grau abaixo de 20° C, observou-se um aumento de 2,6% da mortalidade de adultos, 4% de crianças e 5,5% de idosos.

“O estudo buscou investigar o impacto da temperatura ambiente na mortalidade na cidade de São Paulo e identificar os grupos mais vulneráveis em termos de idade e condição socioeconômica”, afirma. Não foi encontrada diferença no efeito da temperatura na mortalidade de acordo com a condição socioeconômica. As temperaturas mais frias estiveram associadas com mortalidade total e por doenças respiratórias e cardiovasculares, mas com efeitos um pouco maiores para causas respiratórias. Nas temperaturas mais altas, observou-se que o efeito teve magnitude semelhante para as diferentes causas.

Para o professor, a magnitude dos efeitos das temperaturas, embora não tão grandes em termos de riscos relativos, tem importância do ponto de vista da saúde pública. “Como conseqüência das mudanças climáticas globais, prevê-se que, em diversas partes do planeta, ocorrerão com maior freqüência e intensidade as chamadas “ondas” de calor e de frio, períodos curtos com temperaturas extremas. Desse modo, sob o ponto de vista da saúde pública, é importante conhecer melhor o impacto imediato da temperatura ambiente na saúde da população, alerta.

Da Agência Imprensa Oficial e Agência de Comunicação da FMUSP

(AM)