USP: Estudantes têm contato com drogas antes de ingressar na Universidade

Objetivo da pesquisa é avaliar o padrão de uso de drogas pelos alunos de graduação da USP

qui, 12/06/2003 - 19h55 | Do Portal do Governo

Dados referentes ao uso de drogas por alunos da USP mostram que os estudantes têm seu primeiro contato com entorpecentes antes mesmo de ingressar na Universidade. Uma comparação feita entre pesquisas sobre uso de drogas, de 1996 e 2001, mostra que o número de universitários que fazem uso freqüente de maconha, anfetaminas e inalantes aumentou, mas o consumo médio da maioria das drogas se manteve.

Os números, divulgados na última quarta-feira, dia 11, na USP, fazem parte do trabalho de qualificação do doutorado de Vladimir de Andrade Stempliuk, na Faculdade de Medicina da USP (FM). O estudo, que tem orientação do professor Arthur Guerra de Andrade, tem por objetivo avaliar o padrão de uso de drogas pelos alunos de graduação da USP, no Campus São Paulo, e reconhecer quais são seus fatores de risco.

O álcool, o cigarro e a maconha são as drogas mais utilizadas entre os alunos. Entre 1996 e 2001, o número de universitários que alguma vez consumiu o álcool na vida foi de 90.1% para 91,90%; o cigarro, de 42,88% para 50,57% e a maconha, de 31,14% para 35,32%. Uma outra abordagem na qual se considera apenas os últimos 30 dias mostra que o consumo freqüente de álcool e cigarro manteve-se estatisticamente inalterado. Os dados, aparentemente contraditórios, revelam que as drogas entram na vida dos estudantes ainda na escola, ‘geralmente no final do primeiro grau e início do segundo’, afirma Stempliuk.

Segundo o pesquisador, com o novo circulo de amizades na universidade, novo ambiente e mais liberdade o contato com as drogas se intensifica. A pesquisa mostra que o consumo de tóxicos é maior nos primeiros anos de faculdade. Com o passar do tempo e aumento da responsabilidade o uso diminui ou acaba. Porém isso só ocorre entre as drogas ilícitas. O consumo de álcool, em média, tende a aumentar em momentos posteriores da vida das pessoas. Stempliuk diz que se as drogas fossem todas legais o retrato do estudo seria mais fiel, pois ‘é mais fácil uma pessoa admitir que bebe do que cheira cocaína’.

Para chegar a esses resultados, foram sorteados 3.393 alunos, distribuídos igualmente entre as três áreas de conhecimento (Biologia, Exatas e Humanas), dentro de um universo 32.894 estudantes, de acordo com Anuário Estatístico USP de 1999. Os questionários válidos dentre os sorteados foram 2.837, 83,61% da amostra de pesquisa. A distribuição por sexo é de: feminino com 42,22% e masculino com 57,78%. Com relação ao período de curso, os discentes ouvidos são: diurno com 76% e noturno com 24%. Vladimir Stempliuk concluirá seu doutorado no final de 2004.

Leonardo Leomil, do USPonline
-C.M.-