USP: Esquema computadorizado obtém alta precisão no diagnóstico precoce do câncer de mama

Sistema tem como principal objetivo fornecer uma segunda opinião aos médicos

seg, 04/04/2005 - 11h25 | Do Portal do Governo

A detecção precoce do câncer de mama, a forma mais segura de eliminar a doença, ganhou mais um aliado. Um esquema computadorizado de auxílio ao diagnóstico (CAD), sigla em inglês para Computer-Aided Diagnosis), desenvolvido por pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, consegue classificar com exatidão exames de mamografia, definindo com 89% de precisão o risco de tumores malignos.

‘Até o meio do ano o sistema já deve estar operando em fase de testes junto à equipe do Hospital das Clínicas de Botucatu’, afirma Ana Cláudia Patrocínio, que elaborou o software de classificação em sua tese de doutorado pela EESC.

A principal utilidade do sistema, desenvolvido no Laboratório de Análise e Processamento de Imagens Médicas e Odontológicas (Lapimo), é a de fornecer uma segunda opinião aos médicos no diagnóstico deste tipo de lesão na mama. Ana Cláudia explica que o processo de identificação do tumor é muito difícil, principalmente nas chamadas mamas densas, pois a predominância de tecido fibroglandular em relação ao adiposo compromete o contraste da mamografia.

Outro destaque do sistema é que ele possibilitará uma significativa redução das biópsias desnecessárias. ‘Hoje em dia, de cada 100 pacientes encaminhados para a realização de biópsias, apenas 30 têm resultado positivo’, conta a pesquisadora. Com a utilização do CAD, o número de pacientes enviados para este exame seria muito menor, uma vez que ele confere maior precisão ao diagnóstico que o antecede.

Suspeitabilidade

Os tipos de estruturas que o sistema classifica são duas: microcalcificações, as primeiras indicações da formação de tumores, e nódulos. As calcificações podem ser classificadas em suspeitas ou não-suspeitas. Já a segunda estrutura passa por duas fases. Primeiro define-se se existe a presença ou não do nódulo. Em caso afirmativo, ele será classificado segundo a padronização BI-RADS (sigla em inglês para Breast Imaging Reporting and Data System), que avalia o grau de suspeitabilidade de o nódulo ser benigno ou maligno.

Inicialmente o programa conta com quatro classes, mas com a nova escala de seis categorias, determinada pelo Colégio Americano de Radiologia, serão feitas as adaptações necessárias.

Para que o exame mamográfico possa ser utilizado, é preciso que ele seja primeiramente digitalizado e tratado, módulos que fazem parte do CAD mas que foram desenvolvidos em outras pesquisas do grupo que Ana Cláudia faz parte. A equipe é coordenada pelo professor Homero Schiabel. Em uma destas pesquisas, o esquema CAD será disponibilizado pela internet, para que médicos possam fazer consultas e para a utilização no ensino à distância. Este outro produto, tema da tese de doutoramento de Michele Fúlvia Angelo, deve ficar pronto em um ano e meio.

André Benevides, Da Agência USP

M.J.