USP: Esalq e Fundecitrus iniciam estudos sobre o greening, nova doença cítrica

Doença vegetal originada na África e Ásia foi detectada em alguns pomares de Araraquara em 2004

qui, 06/01/2005 - 11h40 | Do Portal do Governo

Um projeto organizado pela professora Lilian Amorim, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, irá estudar algumas características da mais nova doença que atinge a citricultura paulista: o greening. Com a utilização de câmaras de crescimento de vegetais (estufas), os pesquisadores vão avaliar o efeito da temperatura nos estágios de transmissão da doença, além do tempo decorrido entre infestação e o aparecimento dos primeiros sintomas na planta.

O objetivo é entendermos melhor o funcionamento dessa doença e termos condições de saber com qual rigor deve ser feito seu controle nas plantações’, diz Lilian. O greening foi registrado pela primeira vez no Brasil em março de 2004, em alguns pomares de Araraquara, no interior de São Paulo. Hoje, a bactéria causadora dessa moléstia cítrica (Candidatus Liberibacter spp.) existe em pelo menos 46 municípios, localizados principalmente na região central do Estado.

Os dados sobre a presença do greening em São Paulo são do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), instituição privada de pesquisa de pragas e doenças em citros. Com a colaboração da entidade, Lilian irá enxertar ramos contaminados com a doença em mudas sadias de laranja. ‘As plantas germinarão e crescerão dentro de uma estufa regulada em quatro regimes de temperatura – entre 20ºC e 30ºC -, imitando as condições climáticas de algumas regiões do Estado’, explica.

Lilian aponta que esse procedimento vai oferecer condições para que a pesquisa descubra qual a gravidade da doença nas diferentes condições de temperatura e quais regiões paulistas são mais favoráveis ao greening.

Contaminação

O greening é uma doença vegetal originada na África e Ásia e provocada por bactérias de três espécies: Candidatus L. africanus, L. asiaticus e L. americanus (recentemente descoberta). Sua transmissão acontece por meio de um inseto, o Diaphorina citri, comum nos pomares brasileiros. O greening atua nos vasos liberianos (ou floema) da planta, responsáveis pelo transporte de açúcares e nutrientes da raiz até o fruto. Quando atingido pela doença, o vegetal tem sua produção muito reduzida. Os frutos que vingam nascem defeituosos, mal-desenvolvidos, imprestáveis para o consumo in natura e até mesmo para a produção de suco.

Duas características do greening dificultam seu combate. A primeira delas encontra-se na transmissão e no agente causador da doença. Ainda não existem métodos ou drogas que consigam eliminar as bactérias da planta. Quando atingida, a árvore tem de ser eliminada para que a doença não se alastre pelo pomar. ‘Além disso, a única maneira de evitar que o greening atinja os citros é eliminando o vetor por meio de inseticidas – procedimento muito caro’, enfatiza Lilian.

Outro agravante é o grande espaço de tempo (até seis meses) entre a contaminação da planta e o aparecimento dos primeiros sintomas. Quando se percebe a presença do greening, a planta já está totalmente infectada pela bactéria.

Por ser uma doença relativamente nova no Brasil, pouco se sabe sobre o greening. A Esalq está criando parcerias com o Centro de Citricultura do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) para um refinamento da pesquisa.

Da Agência USP de Notícias
Por Tadeu Breda

(LRK)