USP: Esalq desenvolve bactérias que aumentam em até 20% o peso da soja

Foram isoladas bactérias que interagem naturalmente com a soja

qui, 16/09/2004 - 10h27 | Do Portal do Governo

Um composto de bactérias desenvolvido na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo, em Piracicaba, tem-se mostrado capaz de aumentar o peso de algumas variedades de soja. A idéia é melhorar o rendimento sem alterar a sua parte genética. Os testes realizados em laboratório mostraram que três espécies de bactérias que se hospedam no interior da planta são responsáveis por um acréscimo de peso entre 15% e 20%, resultando em maior produtividade.

“Foram isoladas bactérias que interagem naturalmente com a soja para verificar características específicas que favorecem o crescimento acelerado do vegetal”, explica a bióloga Júlia Kuklinsky-Sobral, que desenvolveu a pesquisa para o seu projeto de doutorado defendido na Esalq. “Além de fixar nitrogênio, os hormônios vegetais das bactérias são capazes de tornar solúvel fosfatos que produzem nutrientes importantes para o produto, aumentando a sua produtividade.”

Segundo Júlia, nos testes em campo, fatores como o local do cultivo e as características da planta escolhida podem interferir nos resultados. “O grande desafio é isolar os tipos específicos de bactérias que tenham o mesmo grau de eficiência em diferentes regiões do País e em grande parte das plantações estudadas.”

O trabalho, coordenado pelo professor de genética de microorganismos, João Lúcio de Azevedo, com a colaboração do biólogo Welington Luiz de Araújo e do agrônomo Rodrigo Mendes, pretende ampliar a produtividade da soja com a utilização de fungos capazes de exercer controle de patógenos na planta, inibindo o crescimento de microorganismos causadores de doenças.

“Com um controle biológico eficaz é possível evitar perdas e diminuir os custos de produção do grão, pois o método dispensa a utilização de compostos sintéticos ou agrotóxicos.” Os pesquisadores estão desenvolvendo maneiras para garantir que os fungos não prejudiquem as plantas, pois alguns dos que beneficiam a soja podem também causar doenças. A previsão é de que o composto seja comercializado em cinco anos.

Thiago Romero – Da Agência Fapesp
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)