USP: Equipamento para testar próteses tem no método de funcionamento seu diferencial

Máquina tem um custo de até US$ 160 mil menor que as atuais

qui, 03/07/2003 - 16h30 | Do Portal do Governo

Pesquisa do Programa Bioengenharia Interunidades da USP, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) e Instituto de Química de São Carlos (IQSC), permitiu o desenvolvimento de uma máquina para testar próteses médicas a um custo de até US$ 160 mil menor que as atuais. Enquanto os equipamentos convencionais custam na faixa de US$ 172 mil, a máquina desenvolvida pelo engenheiro Carlos Alberto Marinheiro pode custar aproximadamente R$ 12 mil.

As próteses são muito utilizadas pela medicina, em especial pela ortopedia, e necessitam de um amplo controle de sua qualidade. Porém, há ainda uma carência na elaboração de testes que certifiquem a durabilidade do material utilizado, já que os custos dos equipamentos atuais são altos. A elaboração da máquina foi parte da dissertação de mestrado Desenvolvimento de máquina de movimentos cíclicos para testes biomecânicos, apresentada por Marinheiro.

Segundo o engenheiro, o diferencial da máquina é o método usado para fazer os testes. Enquanto os equipamentos similares fazem o teste com um processo hidráulico, sem o uso de alavanca, a máquina de Marinheiro usa o processo mecânico, em que um pistão move-se verticalmente impulsionando duas alavancas que fazem pressão sobre a prótese. ‘Com este processo, a máquina simula a fadiga que a prótese está sujeita em uma caminhada, por exemplo’, aponta o pesquisador.

Atualmente, não existem no Brasil regulamentações sobre o controle de fadiga das próteses – elas são avaliadas quanto à sua medida e materiais, na fabricação, mas a sua durabilidade não é avaliada. ‘A colocação de uma prótese é um processo cirúrgico extremamente complicado. Se o paciente tiver de trocar uma prótese com defeito, será submetido em um curto espaço de tempo a duas cirurgias desgastantes. A verificação prévia da qualidade da prótese pode evitar esse problema’, afirma.

Para a validação da máquina, uma prótese femural foi submetida a 139 horas de teste, quando foi simulada uma situação de fadiga decorrente de um uso diário. ‘O equipamento permite também que sejam testados outros materiais de uso ortopédico, desde que seja regulado para essa função’, explica Marinheiro. Com a eficácia comprovada, falta agora a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que o equipamento seja utilizado nos procedimentos de testes das próteses.

Olavo Soares – Agência USP
-C.M.-