USP: Engenheiro defende uso de pneus radiais descartados em aterros reforçados

Convenientemente amarrados, apresentam resistência semelhante aos melhores produtos utilizados

sex, 21/03/2003 - 10h42 | Do Portal do Governo

Da Agência Imprensa Oficial e Agência USP de Notícias


Com a pesquisa O uso de pneus descartados em aterros reforçados, o engenheiro Cláudio José de Madureira constatou que os pneus radiais, convenientemente amarrados, apresentam resistência semelhante aos melhores produtos utilizados como reforço de solos disponíveis no mercado. Os estudos concluem que, além de reduzir o custo da obra, é possível utilizar material que, se lançado a esmo na natureza, pode ser altamente poluente.

As conclusões da pesquisa, defendida na Escola Politécnica da USP, mostram a possibilidade de se utilizar pneus como reforços nos aterros dos encontros de pontes, na proteção de taludes de córregos urbanos, de edificações construídas no pé de encostas, na construção de aterros em terraços, entre outras.

Cláudio Madureira procurou estabelecer processos construtivos que reduzissem o tempo de execução de aterros reforçados com pneus, uma vez que este era um dos principais impedimentos ao seu uso. Rotinas de construção e os custos de execução, também foram estabelecidos para servir de base à realização de orçamentos de obras.

Na prática

Para a amarração dos pneus, o engenheiro comparou diversos materiais, pois esta ligação é o ponto mais fraco da corrente que forma os reforços. ‘As fitas de poliéster, empregadas comercialmente na amarração de embalagens, mostraram melhor desempenho como ligação, por serem resistentes, leves, apresentarem pequena deformação sob carregamento e serem fáceis de trabalhar.’

A maior parte dos levantamentos ocorreu na área da jazida de calcário da Companhia de Cimento Itambé, próxima a Curitiba, Paraná. Na parte principal da pesquisa, três aterros reforçados com pneus de dez metros de altura foram construídos. A empresa forneceu o material, o cimento e os equipamentos de terraplenagem. Com os aterros executados foi possível a determinação dos deslocamentos ao longo de quase 12 meses. ‘Trabalhando em escala real pudemos utilizar as cargas reais que são esperadas em obras de construção de aterros’, conta.

Eficiência e estabilidade

O engenheiro verificou que as deformações medidas foram insignificantes, ‘o que demonstrou a grande eficiência dos reforços de pneus na estabilização dos aterros’. Além disso, foram executadas dezenas de ensaios de arrancamento de correntes de pneus. Dessa maneira, o estudioso obteve parâmetros de resistência e deslocamento que podem servir de base para o projeto de aterros reforçados.

Cláudio lembra que a pesquisa não se ocupou do problema do controle da erosão utilizando correntes de pneus. No entanto, ele recomenda o emprego de barragens de pneus no controle de desmoronamentos na região do arenito Caiuá, no noroeste do Estado do Paraná, ‘onde as enxurradas provocam a perda de milhões de metros cúbicos de terra agriculturável há vários anos’.

Ele frisa que os órgãos ambientais brasileiros não vêem com bons olhos o uso de pneus em obras de terraplenagem, “pois imaginam que pode haver contaminação do lençol freático”. O engenheiro destaca que estudos desenvolvidos no Canadá mostram que o resíduo resultante da passagem de água pelos aterros reforçados com pneus é insignificante.

(AM)