USP: Engenharia de São Carlos desenvolve sistema despoluente de baixo custo

Sistema de alta eficiência será usado no tratamento de aqüíferos contaminados com gasolina

qui, 14/08/2003 - 19h00 | Do Portal do Governo

Um sistema de baixo custo e alta eficiência no tratamento biológico de aqüíferos contaminados com gasolina foi desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Processos Biológicos da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP. Segundo os cientistas, o sistema é composto por reatores que utilizam bactérias encontradas no lodo de lagos e rios poluídos. Os microorganismos degradam os compostos aromáticos: benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos (BTEX), que fazem parte da gasolina.

Os reatores são anaeróbios, ou seja, não exigem a presença de oxigênio para efetuar a despoluição. “Isso diminui o custo, porque, diferente dos sistemas aeróbios, você não precisa dispor de bombas ou de sistemas de agitação para oxigenar a água contaminada”, explica Eduardo Bosco Mattos Cattony, um dos pesquisadores envolvidos com o projeto. Além disso, o leito dos reatores é preenchido com pedaços de espuma de colchão (poliuretano) que servem de material de suporte barato para o crescimento bacteriano.

Foram projetados dois tipos de sistema: o Reator Horizontal Anaeróbio de Leito Fixo (Rhalf) e o Reator Anaeróbio em Batelada. O Rhalf trabalha em fluxo contínuo. A água contaminada entra por um lado do reator (semelhante a um tubo de PVC convencional), atravessa o leito fixo e sai pela outra extremidade sem os compostos tóxicos.

Já o reator de Batelada é parecido com um barril, trabalha na posição vertical e não tem fluxo contínuo. O reator é alimentado com água poluída, esvaziado e preenchido novamente. As bactérias, que também estão fixadas em espumas de poliuretano, degradam os BTEX nos intervalos de tempo entre a alimentação e o descarte da água.

Necessidade

“Esses sistemas estão sendo desenvolvidos porque a contaminação por gasolina é uma das maiores ocorrências de poluição dos lençóis freáticos”, conta Bosco. De acordo com dados da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), nos últimos anos houve um número significativo de vazamentos de combustíveis dos postos motivados pela inadequada manutenção dos reservatórios.

Tanto o reator de Batelada quanto o Rhalf foram projetados para funcionar no local da contaminação. O tanque de combustível é removido juntamente com a lama que se forma abaixo dele. Por meio de processos como a centrifugação, o material sólido é separado da fase líquida, a água poluída é processada nos reatores e depois devolvida para o próprio local, minimizando os prejuízos para o meio ambiente.

Protótipos do Rhalf estão sendo testados, desde novembro de 2002, na Estação de Tratamento de Esgoto do campus de São Carlos. “Já atingimos índices de remoção dos poluentes acima de 95%”, diz o pesquisador.

Mais informações: no (16) 273-9560 com Eduardo ou no e-mail cattony@terra.com.br.

Por Rafael Corrêa – Agência USP