USP: Empresa do Cietec desenvolve célula que produz energia a partir do hidrogênio

Célula foi desenvolvida por uma empresa incubada no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec) da USP

ter, 01/07/2003 - 20h21 | Do Portal do Governo

Uma célula a combustível, que produz energia elétrica a partir da quebra de moléculas de hidrogênio, foi desenvolvida por uma empresa incubada no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec) da USP para uso industrial. Após dois anos de estudos, a Electrocell chegou a uma célula que utiliza álcool de cana-de-acúcar para obter o hidrogênio, reduzindo o impacto ambiental e aumentando a qualidade da energia gerada.

O engenheiro eletrônico Gilberto Janólio, da Electrocell, explica que célula a combustível é composta por uma membrana polimérica de meio milímetro, recoberta por uma camada de carbono com um catalisador. Ao passarem pela célula, os átomos da molécula de hidrogênio se separam, liberando elétrons. Um dispositivo condiciona a energia gerada para uso em corrente alternada. ‘Para obter estabilidade, os átomos de hidrogênio se juntam aos de oxigênio, formando moléculas de água’, explica. ‘Os resíduos são menos poluentes.’

Biomassa
Gilberto relata que o hidrogênio pode ser obtido através do gás natural, método utilizado nos EUA, mas que deverá ser substituído pela biomassa. No Brasil, foi desenvolvida a utilização do álcool de cana-de-açúcar, reduzindo o consumo da célula. O elemento químico é extraído através de um reformador, processo térmico que eleva a temperatura do álcool a 350 graus. ‘No futuro, o hidrogênio será obtido através de painéis solares’, afirma o engenheiro.

A Electrocell está construindo o protótipo de uma célula a combustível com 4 metros quadrados de área, para utilização em indústrias. ‘De acordo com os testes realizados, a célula é capaz de gerar energia para abastecer um prédio de três andares’, diz Gilberto. A comercialização do produto deverá começar em 2005, e o preço deverá cair com o aumento da produção em série. O engenheiro aponta que a energia produzida pela célula é de melhor qualidade, pois está menos sujeita a problemas de distribuição, tornando-se mais adequada para setores onde a automação das empresas é maior.

Economia do Hidrogênio
O desenvolvimento da célula a combustível envolveu cerca de 60 profissionais, das áreas de engenharia eletrônica, elétrica, de controle, materiais e eletroquímica, afirma Gilberto Janólio. ‘A pesquisa básica foi feita no Instituto de Química da USP de São Carlos e a parte tecnológica no Ipen’, explica. ‘No Cietec, através da empresa incubada, o produto é viabilizado para uso empresarial.’

O pesquisador acredita que desenvolvimento de uma célula a combustível com tecnologia nacional impulsionará o crescimento econômico e a geração de empregos no Brasil. ‘No século XX, o petróleo foi a base da atividade industrial , gerando o aumento das emissões de dióxido de carbono’, relata. ‘No futuro, o hidrogênio deverá ser usado na geração de energia, através de micropontos instalados em residências e indústrias, reduzindo custos de distribuição e permitindo até a comercialização dos excedentes’, diz.

Júlio Bernardes – Agência USP
-C.M.-