USP: Difusão de conhecimentos teóricos da Faculdade de Saúde Pública auxiliou formação de política n

Atuação de pesquisadores foi essencial para desenvolvimento da área no Brasil

qui, 20/01/2005 - 18h14 | Do Portal do Governo

A pesquisadora Cíntia Philippi Salles, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, verificou, em sua tese de doutorado, a importância do programa de pós-graduação do Departamento de Saúde Ambiental (HSA) na construção de organismos como a Cetesb e a Sabesp. As pesquisas também auxiliaram na formulação de planos de alta relevância na política de ciência e tecnologia ambiental no Brasil, como a Lei de Crimes Ambientais e a Política Nacional de Meio Ambiente.

‘A Cetesb e a Sabesp, por exemplo, foram concebidas e implantadas com o auxílio dos profissionais da FSP, considerando que muitos professores pertenciam ao corpo técnico dessas instituições’, diz Cíntia. ‘Tais relações permitiam que o HSA estivesse sempre atualizado e atuando, mesmo que indiretamente, como referência no campo de saneamento básico e controle ambiental’.

Outra ação de relevância foi a organização, na década de 70, do primeiro Curso de Especialização de Engenharia de Segurança do Trabalho e de Medicina do Trabalho do Brasil. Co-produzindo apostilas sobre ambos os temas, o HSA disseminou o conhecimento da área por todo o território nacional, num momento em que o surto industrial que o país vivia relevava a saúde do trabalhador. ‘Onde quer que se ministrasse estes cursos no país, lá estava a mensagem da FSP’, aponta a pesquisadora.

Já no início da década de 80, com a discussão acerca da gestão de bacias hidrográficas, em voga principalmente nos EUA e Inglaterra, o HSA iniciou sua atuação nesta frente com o projeto de macrozoneamento da Bacia do Paraíba do Sul. Considerado um marco na área de saneamento no Brasil, o projeto serviu de base para a elaboração, em 1981, da Política Nacional do Meio Ambiente. ‘Foi a primeira regra do jogo da Gestão Ambiental, quando passou-se a utilizar o conceito de meio ambiente como área de estudo, reflexão e intervenção’, defende Cíntia Salles. O corpo técnico dos estados brasileiros era capacitado com o know-how técnico e científico gerado no HSA.

Pontuando-se as realizações, encontramos outras contribuições como mudanças de normas jurídicas do país; o planejamento e a implantação da primeira rede de monitoramento automático da qualidade do ar da Região Metropolitana de São Paulo; o primeiro laboratório de teste de veículos do Brasil e a busca de indicadores ambientais para a área de saneamento básico, entre outros.

Expansão do conhecimento
Para a elaboração da tese, foram levantados tanto o histórico institucional do HSA quanto a trajetória posterior de 132 dos 219 mestres e doutores formados na pós-graduação do departamento entre os anos de 1969 e 2002, visando traçar um perfil deste aluno que conclui seus estudos na instituição. Entre inúmeros dados obtidos, a pesquisa aponta que 78,5% destes pós-graduados têm como destino o setor público, enquanto 39,7% atuam em empresas privadas e 5,8%, em ONG’s.

Cíntia Salles também mostra que 93,9% dos mestres e doutores transmitem de alguma forma suas experiências à sociedade, seja lecionando, seja em cursos, palestras ou conferências. ‘Isso demonstra que o conhecimento obtido pelos alunos é multiplicado, não fica restrito ao meio acadêmico’, reflete. Além disso, 65,9% destes profissionais desenvolvem atividades voluntárias, o que certamente representa uma outra forma de atuação em prol da coletividade.

Da Agência USP

M.J.