USP: Consumo de hortaliças deve ser incentivado pelas escolas

Estudo contribui para a formação de hábitos alimentares mais saudáveis de crianças em idade escolar

seg, 05/05/2003 - 21h00 | Do Portal do Governo

Pesquisa da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP de Piracicaba recomenda o aumento no consumo de hortaliças em escolas. Segundo o estudo, a medida contribuirá, a longo prazo, para a formação de hábitos alimentares mais saudáveis de crianças em idade escolar.

Para elaborar sua dissertação de mestrado Hortaliças: consumo e preferências de escolares, a pesquisadora Michele Sanches contou com a participação de 210 alunos, com idade entre 7 e 14 anos, de seis escolas municipais de ensino fundamental de Piracicaba. Entre as crianças que disseram consumir hortaliças no mínimo 6 vezes por semana, 45,8% são de famílias de menor renda e, somente 10,4% pertencem a famílias com maior renda per capita.

‘Desta forma pudemos verificar que a boa receptividade por parte dos alunos de menor poder aquisitivo pode decorrer do fato dessas crianças e adolescentes não disporem de muitas opções de alimentos em suas residências. Com isso, recebem com maior facilidade as novas alternativas alimentares que lhes são apresentadas por meio dos programas gratuitos de alimentação, implementados nas unidades de ensino’, diz Michele.

De acordo com a pesquisadora, uma das grandes dificuldades em oferecer vegetais na merenda é a falta de recursos humanos já que, na maioria das vezes, tem-se apenas uma ou duas pessoas para elaborar todas as refeições da escola.

‘Com a baixa quantidade de merendeiras torna-se difícil elaborar cardápios ricos em vegetais porque requer uma atenção mais demorada em sua higienização e preparo’, salienta a pesquisadora. Uma das formas de incorporar hortaliças na merenda escolar seria a utilização de alimentos minimamente processados – que passam por higienização, descascamento, corte e empacotamento – tendo sua vida útil prolongada se adequadamente refrigerados.

Importância de parcerias
Uma alternativa para possibilitar a implementação das hortaliças no cardápio escolar seria a criação de parcerias com cooperativas de agricultores locais de municípios vizinhos. ‘Com esta parceria o preço das hortaliças diminuiria, aumentando o poder de compra para escolas’, argumenta Michele.

Uma outra opção seria propor às prefeituras uma pesquisa de quais pratos as crianças gostam de consumir e a possibilidade de implementá-los. ‘O importante é conhecer o hábito alimentar da criança para usar a verba na compra de alimentos adequados e com boa aceitação’, salienta a pesquisadora.

Pratos como sopas, apesar de conter uma diversidade alimentar, são os menos aceitos. Os alimentos preferidos seriam a cenoura (31,4%), batata (28,6%) e tomate (10,5%). ‘São os mais aceitos por serem os que são apresentados com maior variedade e criatividade’, conta.

Dentro da sala de aula, o ensino da importância das vitaminas, proteínas e minerais, segundo a pesquisadora, ainda é muito teórico e distante do universo do aluno. A dinamização, utilizando aulas práticas, como o plantio de pequenas hortas, contribuiriam não só para o aprendizado, mas também para a conscientização de alunos e pais.

De acordo com a pesquisa, uma dieta rica em hortaliças reduz os riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, câncer e doenças crônicas. ‘Desde cedo a criança deve se familiarizar com uma alimentação saudável, a fim de evitar doenças futuras’, afirma a pesquisadora.

Juliana Kiyomura Moreno – Agência USP