USP: Computador detecta problemas na visão por fotografias da retina

Por meio de fórmulas matemáticas, software analisa imagens do olho e calcula seu índice de vascularização

seg, 18/10/2004 - 16h54 | Do Portal do Governo

Uma técnica inovadora de visão computacional vai facilitar o diagnóstico precoce da neovascularização do globo ocular, que causa perda de visão em diabéticos. O método, desenvolvido no Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, usa fórmulas matemáticas para analisar imagens fornecidas por exames de fundo de retina. O protótipo do software para auxílio a diagnósticos deverá estar pronto em 2005.

O professor do IME, Roberto Marcondes Cesar-Junior, coordenador da pesquisa, explica que a neovascularização causa o crescimento dos vasos sanguíneos do olho, obstruindo os fotoreceptores e prejudicando a visão. ‘A análise de fotos da retina já é usada pelos médicos para identificar casos de diabetes’, diz. ‘Com o programa será possível analisar as imagens, calcular o índice de vascularização do olho e identificar a possibilidade de surgirem novos vasos, antecipando o diagnóstico das fases mais crônicas da doença.’

Marcondes afirma que a visão computacional utiliza-se de fórmulas matemáticas e algoritmos para fazer a análise das imagens. ‘As características do objeto filmado são transformadas em senos e co-senos’, afirma. ‘A quantidade destes valores é medida em coeficientes, que servem para diferenciar e analisar os objetos.’

O professor explica que o software analisará imagens em baixa resolução, evitando a aplicação de contraste e a dilatação da retina para o exame. ‘Os resultados do teste poderão ser obtidos não apenas pelos médicos, mas também por enfermeiros e profissionais de saúde treinados, facilitando a prevenção’, conclui.

Localização
O programa para exames de fundo de retina está sendo desenvolvido por João Vitor Baldini Soares e Jorge Jesus Gomes Leandro, pós-graduandos do IME orientados por Marcondes. ‘A pesquisa é realizada em colaboração com a School of Community Health da Charles Stuart University, da Austrália, que lida com as questões médicas e biológicas do estudo’, relata.

De acordo com o professor, a parte de computação e a interface com o usuário está sendo pesquisada e testada no Brasil. ‘O protótipo deverá estar pronto no final de 2005 e ficará disponível como software livre na Incubadora Virtual de Conteúdos Digitais da Fapesp’, aponta. O site do projeto é http://retina.incubadora.fapesp.br/portal.

Além da utilização em Medicina, Marcondes ressalta que a visão computacional poderá ser utilizada também na identificação de pessoas desaparecidas. ‘Por intermédio de uma fórmula conhecida como transformada de Fourier-Bassel, é possível encontrar faces de pessoas em uma imagem e extrair suas medidas, fazendo a identificação’, diz. ‘Programado com as características dos desaparecidos, o programa poderia ser usado para analisar imagens captadas em estações de transporte ou locais públicos’.

Marcondes proferirá a palestra Visão Computacional: Ensinando o Computador a Ver no Acta Media III Simpósio Internacional de Artemídia e Cultura Digital. A apresentação acontecerá no dia 23 de outubro, às 10h30, no Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP, na Rua da Reitoria 160, Cidade Universitária. O Simpósio começou em 18 de setembro e será realizado até 11 de dezembro.

Da Agência da USP

M.J.