USP: Clínica dispõe de ferramentas informatizadas para controle de qualidade do leite

Há mais de seis anos, a Clínica do Leite realiza análises do produto

sex, 29/10/2004 - 16h54 | Do Portal do Governo

A partir de 2005, o Ministério da Agricultura deverá adotar medida normativa que obrigará a todos os setores envolvidos na pecuária leiteira, produtores e indústria, submeter seus produtos a análises laboratoriais.

Na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP de Piracicaba, já existe um laboratório com tecnologia suficiente para analisar o produto e todos os seus componentes. A Clínica do Leite, que atualmente realiza cerca de 40 mil análises por mês, possui um banco de dados com informações sobre a qualidade do leite de todo o Estado de São Paulo e das regiões do Triângulo Mineiro e Sul de Minas Gerais.

De acordo com o professor Paulo Fernando Machado, associado do Departamento de Zootecnia da Esalq e coordenador da Clínica do Leite, a medida do ministério vai incentivar a manutenção da qualidade. ‘O controle servirá para formarmos uma base sólida para uma pecuária leiteira de sucesso no país, como acontece hoje com a soja e com a suinocultura, por exemplo’, diz. O professor informa que o Brasil chegou a exportar leite para alguns países do Oriente Médio e África. ‘Se quisermos exportar para mercados mais exigentes teremos de melhorar a qualidade’, garante.

Há mais de seis anos, a Clínica do Leite realiza análises do produto nos seguintes aspectos: na Contagem de Células Somáticas (CCS), onde avalia a sanidade das glândulas mamárias dos animais e determina a qualidade do leite; concentração de gordura, proteína, lactose e sólidos totais, em que são identificados problemas nutricionais dos animais, o balanceamento da dieta e a qualidade nutricional do leite; e na determinação da concentração de nitrogênio uréico no leite (Uréia), onde são identificados problemas nutricionais dos animais.

Banco informatizado

A Clínica do Leite mantém um serviço de banco de dados informatizado com informações da qualidade do leite. Por meio de softwares e ferramentas especialmente desenvolvidas, são produzidas tabelas específicas com os resultados obtidos. As análises são feitas junto a produtores e indústrias de beneficiamento do produto. ‘Há mais de um ano atuamos junto às indústrias do Estado avaliando a qualidade do leite, principalmente quanto à higiene’, conta Machado. Com relação ao leite ‘anormal’, o professor informa que existem dados sobre a incidência de anormalidades e em quais regiões ocorrem com maior freqüência.

Machado destaca entre outras linhas de pesquisa do Laboratório, a redução do uso de antibióticos. ‘Para tanto, estamos desenvolvendo um kit para identificar o tipo de infecção e se realmente há a necessidade de se tratar o animal com antibióticos’, antecipa. ‘De acordo com a literatura, 70% das doenças dos animais não precisam ser tratadas por meio de antibióticos’, informa o professor.

Para abastecer o banco de dados com as análises, as indústrias fornecem amostras semanalmente. ‘Já os produtores enviam suas amostras, em média, uma vez por mês’, conta Machado. Segundo ele, a coleta pode ser feita de um conjunto de vacas ou individualizado, o que permitirá identificar possíveis deficiências em cada um dos animais.

No Brasil, além da Clínica do Leite da Esalq, outros seis laboratórios estarão aptos a realizar análise do leite em todo o País: em Curitiba, na Universidade federal do Paraná; em Passo Fundo, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul; em Minas Gerias, na Embrapa de Juiz de Fora e na Universidade Federal de Minas Gerais; na Universidade federal de Goiás, em Goiânia; e em Recife, na Universidade Federal de Pernambuco.

Mais informações: (019) 3429-4278, com o professor Paulo Fernando Machado; e-mail: pfmachado@esalq.usp.br ; site: www.clinicadoleite.com.br

Antonio Carlos Quinto da Agência USP
C.A.