USP: Cirurgia simultânea reduz custos de operações de próstata e hérnia

Pesquisa feita com pacientes do HC aponta que o procedimento tem a mesma eficiência de cirurgias feitas em separado

qui, 05/02/2004 - 19h49 | Do Portal do Governo

A cirurgia simultânea em pacientes com hiperplasia (aumento de tamanho) da próstata que também apresentam hérnia inguinal (na região da virilha), além de eficiente, reduz custos na operação. O estudo, realizado em pacientes do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, está descrito na tese de doutorado do médico Manoel Antonio Guimarães. Contudo, o procedimento ainda é pouco realizado no Brasil.

Durante dois anos, o médico acompanhou 39 pacientes que fizeram operações simultâneas de hérnia e de próstata no HC e outros 38 homens que operaram somente a próstata. Guimarães observou que, embora o tempo de cirurgia seja maior quando são feitos os dois procedimentos (três horas, contra uma hora da cirurgia de próstata), o tempo de internação é o mesmo, cerca de três dias. ‘A eficiência é a mesma, e as cirurgias simultâneas não tiveram complicações pós-operatórias’, afirma.

O médico aponta que a hérnia inguinal atinge cerca de 20% dos pacientes com hiperplasia da próstata. Segundo ele, as duas operações podem ser feitas por uma única equipe de cirurgia, embora normalmente a hérnia seja operada por um cirurgião-geral e a próstata por um urologista. ‘No caso de cirurgias abertas de próstata, em que há necessidade de corte, pode-se fazer a operação de hérnia por intermédio da mesma incisão’, explica. ‘As operações simultâneas permitem uma economia de custos para os sistemas de saúde e de tempo para o paciente, que não precisará ser internado duas vezes.’

Diagnóstico

Embora a técnica de cirurgia simultânea de próstata e hérnia inguinal seja conhecida desde a década de 50 do século passado, Guimarães aponta que o método ainda é pouco difundido no País. ‘Na literatura médica norte-americana, a hérnia é vista como uma cirurgia ambulatorial. O paciente volta para casa no mesmo dia, desaconselhando a realização de outro procedimento simultaneamente’, relata. ‘No Brasil, embora os pacientes sejam internados e durmam no hospital, as duas cirurgias não são feitas ao mesmo tempo’.

O médico aponta que a adoção do método depende da mudança na avaliação do paciente no momento do diagnóstico. ‘Não há concomitância’, diz. ‘Apenas a próstata é examinada, sem levar em consideração outros aspectos que podem ser benéficos ao paciente, como a detecção da hérnia inguinal’, explica. O trabalho de Manoel Antonio Guimarães foi orientado pelo professor da FM, Geraldo Campos Freire, e teve a colaboração do chefe do serviço de Urologia do HC, Sami Arap, e de Cirurgia-Geral, Aldo Junqueira Rodrigues Junior.

Mais informações: (41) 242-5353, com Manoel Antonio Guimarães

Júlio Bernardes – Agência USP