USP: Cientistas criam biofábrica para controle de pragas

Objetivo é erradicar a mosca-da-fruta, responsável por prejuízos de R$ 200 milhões anuais

qua, 28/05/2003 - 10h03 | Do Portal do Governo

Em abril de 2004, na cidade de Juazeiro, Bahia, começam as obras de adaptação da primeira biofábrica brasileira, a Moscamed Brasil. A “indústria” produzirá machos estéreis da mosca-do-mediterrâneo (Ceratitis capitata) que, ao copularem com as fêmeas, lhes transferirão espermatozóides inviáveis impedindo a reprodução. Esse tipo de inseto ataca grande variedade de frutas tropicais, subtropicais e temperadas, como a manga, a uva e a goiaba, em todo o País, causando prejuízos de R$ 150 a R$ 200 milhões anuais.

Segundo o professor Aldo Malavasi, do Laboratório de Moscas-de-Frutas do Departamento de Biologia do Instituto de Biociências (IB) da USP, que preside a Moscamed Brasil, o objetivo é realizar uma ‘supressão populacional do inseto’. A nova empresa estabeleceu parcerias estratégicas com organizações nacionais e internacionais, como a Embrapa, a Secretaria da Agricultura da Bahia e de outros Estados do Nordeste, e a Agência Internacional de Energia Atômica das Nações Unidas. Além disso, existe um plano de cooperação com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.

Em Juazeiro, em área de 60 mil m2, onde será instalada a Moscamed, existem cinco galpões com cerca de 5 mil m2. O complexo foi definitivamente cedido à Organização Social em janeiro de 2003. ‘Estamos agora em busca de recursos junto aos órgãos federais e setoriais, Finep e ministérios da Agricultura e Integração Nacional’, conta Malavasi. Ele informa que até 2005, quando a fábrica estará em pleno funcionamento, deverão ser investidos perto de R$ 17 milhões.

Sem desequilíbrio

A mosca-do-mediterrâneo foi introduzida no Brasil no final do século 19 e a lagarta da macieira, que está nas Américas há cerca de 30 anos, chegou ao País em meados de 1996. ‘Trata-se de uma incidência ainda recente, por isso não haverá nenhum tipo de desequilíbrio na sua erradicação total’, diz o professor.

Além da mosca-do-mediterrâneo, a Moscamed também atuará sobre a lagarta da macieira (Cydia pomonella), praga que ataca as rosáceas, como maçã, pêra e ameixa, principalmente na Região Sul do Brasil. ‘Neste caso, pretendemos erradicar a Cydia’, explica Malavasi. As lagartas estéreis serão produzidas em Juazeiro por uma questão de biossegurança. Por causa do clima quente, elas não conseguem sobreviver naquela região.

Da Agência Imprensa Oficial e Agência USP

(AM)