USP: Centrinho realiza via SUS 80% dos implantes cocleares do País

Protése computadorizada no sistema auditivo também é conhecida como 'ouvido biônico'

qua, 07/01/2004 - 21h05 | Do Portal do Governo

Imagine uma pessoa diagnosticada com uma deficiência auditiva grave ou severa a ponto de não poder usar os aparelhos de amplificação sonora comuns. É para esses pacientes que o Hospital de Reabilitação de Anomalias Cranio-Faciais (HRAC / Centrinho), da USP em Bauru, indica o implante coclear multicanal, prótese computadorizada também conhecida como ‘ouvido biônico’.

O implante é formado por componentes internos e externos que substituem o órgão de Corti (órgão sensorial da audição). Os eletrodos do implante estimulam diferentes partes da cóclea (região do Corti), transformando energia sonora em sinais elétricos. Estes sinais são codificados e enviados ao córtex cerebral, o que possibilita ao paciente uma sensação auditiva.

‘Uma das primeiras pacientes que recebeu o implante me disse certa vez que somente conseguiu entender o porquê de um certo passarinho se chamar bem-te-vi após ter feito a cirurgia’, conta a fonoaudióloga Maria Cecília Bevilácqua, do Centro de Pesquisas Audiológicas (CPA) do Centrinho e professora da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB).

Desde 1990 foram realizadas no HRAC aproximadamente 400 cirurgias, desde em crianças com idade de um ano até em idosos. É um procedimento caro que na rede particular pode chegar a até R$ 80 mil (R$ 60 mil da prótese e R$ 20 mil da cirurgia), sendo que, no Centrinho, são feitos 80% dos implantes cocleares do Brasil via Sistema Único de Saúde (SUS).

A operação é realizada com anestesia geral e dura de duas a três horas. Mas o paciente só passa a ter a sensação auditiva após o período de recuperação, de cerca de 45 dias, quando o implante será ativado. ‘Só então começamos a contar a idade auditiva dele’, explica Maria Cecília Bevilácqua.

De acordo com fonoaudióloga, o aparelho é ligado por meio de um sistema de computação que passa dados e corrente elétrica para o implante. Esses dados precisam ser programados porque o sistema auditivo é individual e os ajustes devem ser feitos um a um. ‘A partir daí o paciente precisará ser acompanhado para aprender o significado dos sons’, conta.

O acompanhamento, segundo a fonoaudióloga, inclui avaliações psicoacústicas e eletrofisiológicas. Em crianças a partir de um ano, é feito a cada dois meses; em adultos, quatro. Gradativamente, o acompanhamento será de duas vezes ao ano para crianças e uma vez ao ano para adultos.

Valéria Dias, da USP
C.A.