USP: Células-tronco serão usadas em estudos de diferenciação celular

Material foi recebido da Universidade de Harvard - EUA

sex, 25/06/2004 - 20h51 | Do Portal do Governo

As células-tronco embrionárias que o Instituto de Biociências (IB) da USP acaba de receber da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, serão utilizadas para dar continuidade às pesquisas sobre diferenciação celular realizadas pelo Laboratório de Genética Molecular.

‘Experiências com células-tronco embrionárias extraídas de camundongos conseguiram obter a diferenciação do material celular original em neurônios, células dos músculos e de tecido adiposo’, relata Lygia da Veiga Pereira, professora do IB que coordena os estudos. ‘O objetivo agora é obter os mesmos resultados em células-tronco humanas.’

A pesquisadora aponta que os estudos com as linhagens de células-tronco só poderão ser iniciados após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) em Seres Humanos do IB. ‘Qualquer pesquisa que envolva material humano necessita de aprovação prévia do comitê’, aponta a pesquisadora.

Ética

A professora Maria Rita dos Santos e Passos Bueno, coordenadora do CEP, calcula que a aprovação da pesquisa deverá acontecer dentro de um mês. ‘O projeto será submetido a uma avaliação crítica por um grupo de seis especialistas’, explica. ‘Dependendo da complexidade do estudo, ele precisará ser aprovado também pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) do Ministério da Saúde, em Brasília.’

De acordo com Lygia da Veiga Pereira, o projeto da Lei de Biossegurança, que deverá ser votado na terça-feira (28) pelo Senado Federal, proíbe o uso de embriões humanos para pesquisas. ‘Para estabelecer as linhagens de células-tronco é necessário destruir os embriões, o que não é permitido no País, obrigando os pesquisadores a trazerem células do exterior.’

Origem

Lygia explica que as linhagens de células-tronco foram produzidas a partir de células extraídas de embriões humanos nos Estados Unidos. ‘As linhagens foram obtidas em Harvard a partir de embriões com 5 dias de vida e cerca de 100 células e colocadas à disposição da comunidade científica internacional’, relata. ‘Foram remetidas quatro linhagens ao Brasil pelo correio.’

A pesquisadora ressalta que os embriões usados na produção de linhagens de células tronco não são adequados à reprodução humana. ‘São embriões que não se desenvolveriam mas, ao invés de serem descartados, seriam utilizados em pesquisas’, diz.

A professora explica que os estudos com células-tronco permitem entender os processos que determinam o tipo de tecido no qual o material embrionário irá se diferenciar. ‘No futuro, a expectativa é que as células-tronco possam ser usadas no tratamento de doenças degenerativas através do transplante de tecidos, como no caso do Mal de Alzheimer’, conclui.

Da Redação, Agência USP