USP: Cebimar estimula pesquisa voltada para espécies de aranha e ácaro marinho

Essas espécies pesquisadas pelo Centro de Biologia Marinha não têm correspondente em terra

qui, 03/04/2003 - 9h35 | Do Portal do Governo

Da Agência Imprensa Oficial e Agência USP de Notícias


O Centro de Biologia Marinha (Cebimar) da USP vem estudando as aranhas do mar (pantópodes ou picnogônidas), animais carnívoros e predadores encontrados nas algas. Essas espécies de animais marinhos não têm correspondente em terra. As pantópodes vêm sendo objeto de estudo preliminar realizado por Elisa Palhares de Souza, graduanda do Instituto de Biociências (IB) da USP. O material para a pesquisa é proveniente do projeto temático Biota, programa da Fapesp para apoiar projetos de pesquisa.

As coletas são realizadas pela estudante no canal de São Sebastião. As aranhas do mar são arrancadas da base frondes de algas (talo semelhante às folhas das algas). Elisa separa os animais para o estudo e devolve ao ambiente os que não fazem parte da pesquisa.

Respeito à vida

No laboratório, corta as algas, observa na lupa os aracnídeos, anestesia-os, coloca-os no álcool e os etiqueta. O procedimento de anestesiar os animais antes de sacrificá-los, segundo o professor Claudio Tiago, orientador de Elisa em suas pesquisas, é em primeiro lugar uma questão ética. ‘O respeito à vida é uma questão crucial no nosso código de ética. A anestesia ajuda a prevenir que os animais coletados e fixados no álcool fiquem contraídos’, explica.

O orientador observa que campanhas do tipo ‘Salvem as Baleias’ levam às ruas milhares de pessoas, mas poucas são as que respeitam formas menores de vida. Às vezes acontece o contrário, como no caso de cientistas russos que se negam a destruir a única amostra do mundo do vírus da varíola. Eles alegam a necessidade de preservar a biodiversidade na Terra, apesar dos perigos que esses organismos possam representar para a vida humana.

Ácaros marinhos

Outro pesquisador do Cebimar, o aluno Almir Rogério Pepato, vem realizando levantamento semelhante com ácaros marinhos (aracnídeos do grupo dos carrapatos) também sob a orientação do professor Claudio Tiago. Pepato é o único no Brasil a estudar esses animais. Do mesmo grupo, segundo ele, existem apenas nove espécies descritas para o Brasil, em trabalhos antigos publicados por pesquisadores alemães e franceses.

Estima-se que existam, pelo menos 130 espécies, mas, apenas 14 foram encontradas. Elas foram incorporadas ao levantamento do Programa Biota/Fapesp. Seu interesse está em coletar material não apenas no litoral de São Sebastião, mas em outros ambientes. Os espécimes são tão minúsculos que só podem ser observados ao microscópio.

Os ácaros marinhos alimentam-se de algas ou de outros animais, causando-lhes danos. As ‘amostras’ ou exemplares, destinados ao museu de Zoologia da USP são fixados em lâminas.

(AM)