USP: Avanços em rede de laboratórios virtuais vão aperfeiçoar internet no Brasil

Weblabs serão interligados pela Internet 3, uma nova rede de computadores que será desenvolvida até 2007 por um grupo de 400 pesquisadores paulistas

ter, 19/10/2004 - 16h18 | Do Portal do Governo

O projeto Kyatera, financiado pela Fapesp, irá criar weblabs (laboratórios virtuais) nas universidades paulistas por intermédio de uma nova rede, a Internet 3. O Kyatera, que deverá estar concluído em três anos, será composto por uma rede de computadores que permitirá a interligação entre pesquisadores a velocidades 200 milhões de vezes mais rápidas que as conexões hoje conhecidas.

O Laboratório de Arquitetura e Redes de Computadores (LARC) da Escola Politécnica (Poli) da USP irá participar da criação de novas tecnologias para transmissão de dados em alta velocidade.

A professora da Poli Tereza Cristina Carvalho, diretora do LARC, relata que o Kyatera integra o programa de Tecnologia da Informação para o Desenvolvimento da Internet Avançada (TIDIA), coordenado pela Fapesp. ‘Iniciado em 2003, o TIDIA inclui projetos de aprendizado eletrônico e uma incubadora de conteúdo para redes de pesquisa’, explica. ‘Até 2007, o Kyatera (‘Kya’ quer dizer ‘rede’ em tupi-guarani) deverá criar sistemas para operar redes com velocidades da ordem de terabits por segundo, 200 milhões de vezes mais rápidas que a internet convencional.’

Tereza Cristina explica que a base da Internet 3 é a utilização integral da fibra ótica na transmissão de dados. ‘Atualmente, as redes de computadores recebem sinais óticos e os convertem em sinais elétricos, amplificando-os e transformando-os de novo em sinais óticos após a transmissão’, afirma. ‘A conversão faz com que a velocidade das redes não ultrapasse a casa dos gigabites por segundo, mas ela poderá ser aumentada se a propagação dos sinais ocorrer somente por meios óticos.’

Inovação

O Kyatera será dividido em três frentes de pesquisa, nas áreas de óptica, redes e weblabs, envolvendo cerca de 400 pesquisadores da USP, Unicamp, Unesp, Ufscar, PUC, Mackenzie, ITA e Ipen. ‘Na área de redes, o LARC participará do desenvolvimento de algoritmos de roteamento que permitam direcionar os feixes óticos pela internet por meio da análise das freqüências de luz emitidas’, relata Tereza Cristina. ‘Também serão criadas novas soluções de segurança em rede, pois em todo o mundo os sistemas atuais não são capazes de operar em altas velocidades.’

Para o desenvolvimento das redes, a professora aponta que será necessário fazer um cabeamento complementar na USP com fibra ótica, que deve estar concluído no final do ano. ‘No início das pesquisas, as redes ainda usarão conversores óptico/eletrônicos convencionais, pois alguns sistemas óticos serão desenvolvidos no projeto’, afirma Tereza.

De acordo com Tereza Cristina, o LARC coordenará o cluster de São Paulo, núcleo composto por 14 dos 27 grupos de pesquisadores que desenvolverão projetos para a rede avançada do projeto Kyatera, 12 deles envolvidos diretamente com a criação de weblabs. ‘Os laboratórios virtuais permitem a realização e acompanhamento de experiências à distância, como se o usuário estivesse em um laboratório de verdade’, aponta a professora. ‘O Kyatera irá criar ferramentas de rede que permitam a interface entre o mundo real e o universo virtual.’

Segundo Tereza, existe grande interesse de que as inovações criadas pelo projeto sejam transferidas para a indústria. ‘Também se espera que haja formação de mão-de-obra especializada para que o Brasil possa ser um dos líderes mundiais na tecnologia da internet avançada’, conclui a professora.

Júlio Bernardes, Da Agência USP

M.J.