USP: Aulas de empreendedorismo da Poli são direcionadas para formação de capital social

Curso engloba técnicas aprendidas em empresas reais de pequeno porte

ter, 04/11/2003 - 11h23 | Do Portal do Governo

Da Agência de Notícias da USP
Por Olavo Soares

O empreendedorismo é um conceito que tradicionalmente é ensinado somente nas escolas de administração. Mas o Centro Minerva de Empreendedorismo (CME), da Escola Politécnica (Poli) da USP, quer modificar essa tradição, ampliando o ensino de empreendedorismo para alunos de outras áreas do conhecimento, em especial os de engenharia. Para isso, criou um projeto que visa preparar alunos de graduação da USP para os conceitos do empreendedorismo.

‘Temos um grupo de alunos que passa por um vestibular muito difícil, em que são exigidos conceitos teóricos. Mas apesar de todo esse conhecimento, nossos alunos têm muita dificuldade com criatividade e tomada de decisões’, explica o professor José Antonio Lerosa de Siqueira, da Poli e coordenador do CME.

A seleção dos alunos é feita com base em questionário e entrevistas, quando é avaliado o caráter empreendedor e de produção social dos interessados. ‘O curso não é voltado para alunos com interesse em ganhar dinheiro, e sim na formação de capital social’, comenta Siqueira. Por capital social, o professor define a capacidade de um bom trabalho ser revertido em ganhos para a sociedade.

A participação no curso é gratuita – porém, o aluno ‘paga’ seu aprendizado por intermédio das ações desenvolvidas durante as aulas. ‘O custo de manutenção é de US$ 900 por estudante. Ele deve reverter isso através da aplicação dos conceitos aprendidos durante as aulas’, aponta o professor.

As aulas

O curso é dividido em seis módulos. O primeiro, denominado Maratona do empreendedorismo, consiste em um fim de semana com aulas expositivas sobre o tema, num total de 26 horas/aula. Depois dessa etapa, os alunos aplicam seus conhecimentos em empresas pequenas, como lojas de bairro. ‘A idéia é que o aluno entenda o ambiente e proponha soluções’, explica Siqueira. A avaliação deste trabalho cabe ao dono do estabelecimento, que prepara um relatório explicando se gostou do serviço, indicando que valor pagaria por ele. ‘Esse dinheiro hipotético faz parte dos créditos que o aluno acumula’, ressalta o professor.

O terceiro momento do curso é uma viagem, para a prática de esportes radicais. Na quarta etapa, os alunos criam uma empresa de baixa tecnologia, como ‘brigadeiros para vender em casa. Com isso, é hora de vivenciar as experiências, colocar a mão na massa, ver como se porta uma empresa informal’, destaca Siqueira. Os alunos voltam à sala de aula na quinta etapa, quando analisam o que fizeram na empresa criada e estudam elementos como plano de negócios e pesquisa de mercado. Na parte final do curso, é criada uma empresa de alta tecnologia.

De 10 a 12 de dezembro, a Poli sediará o Roundtable on Entrepeneurship Education for Scientists & Engineers (REE), evento que reunirá especialistas no ensino de empreendedorismo para engenheiros em todo o mundo. Será a primeira vez que o evento ocorrerá na América Latina. Neste ano, já foram realizadas as REE da Ásia, Estados Unidos e Europa.

Mais informações podem ser obtidas no site www.usp.br/agen/
V.C.