USP: Atividades interativas de alunas do curso de Nutrição incentivam amamentação

Estudantes se surpreenderam com a quantidade de perguntas e a grande participação do público

sex, 05/12/2003 - 14h23 | Do Portal do Governo

A Organização Mundial da Saúde orienta que o aleitamento materno deve ser exclusivo nos seis primeiros meses de vida do bebê. Além disso, durante a gestação e a amamentação, a mãe deve tomar uma série de cuidados para garantir o crescimento e desenvolvimento saudáveis do filho. Informações como essas foram transmitidas a dezenas de gestantes e mães de “primeira viagem”, reunidas por cinco alunas do terceiro ano do curso de Nutrição da USP, na Sociedade Amigos de Vila Constança (Savic), na zona norte da cidade, em São Paulo.

Esse trabalho de Educação Nutricional é a primeira experiência externa que as graduandas Amanda de Sales Cunha, Ana Carolina Garcia, Hellen Matarazzo, Marília Clauzet Leite e Paula Turini desenvolveram. O objetivo é alertar a população de menor nível sócio-econômico sobre a importância do aleitamento materno exclusivo nos seis primeiros meses de vida do bebê.
As graduandas mostravam às dezenas de mulheres placas com ilustrações, acompanhadas de perguntas.
▪ É importante amamentar? (Sim)
▪ Quando o recém-nascido chora significa que ele está com fome? (Nem sempre)
▪ Durante a amamentação pode-se ingerir bebida alcoólica e fumar? (Não)
▪ Leite materno deve ser oferecido até o 3o mês de vida? (Não, até o 6o)
▪ É correto pintar o cabelo durante o aleitamento materno? (Não).
A interatividade tomou conta da brincadeira. Para responder a essas questões, as gestantes e lactentes levantavam placas com cores diferentes que simbolizavam ‘certo’ ou ‘errado’. Uma apresentação teatral elaborada pelas próprias estudantes esclareceu ao público feminino essas e outras dúvidas mais freqüentes.

Leite materno: insubstituível

Outras situações propuseram reflexões sobre as inúmeras vantagens e as poucas desvantagens da amamentação. Vantagens: aumenta o vínculo afetivo, auxilia o crescimento (desenvolvimento do sistema nervoso central e aparelho bucal, por exemplo), garante leite pronto para beber e de graça, favorece a produção de hormônios que dificultam nova gravidez em 90% dos casos, reduz o risco de câncer de mama. Desvantagens: atrapalha outras atividades como lazer e trabalho e reduz o período de sono.

As estudantes indicaram cuidados gestacionais e pós-parto, como o fortalecimento do bico do peito das futuras mamães com o uso de sutiã recortado no centro, e recomendaram banho de sol, todos os dias, antes das 10 e após às 16 horas.

Para a amamentar, explicava uma das personagens dos esquetes, o importante é que a mãe e o bebê estejam confortáveis: “A única preocupação é que o corpo do recém-nascido esteja virado para o peito, para não forçar seu pescoço. O leite materno é único e nada o substitui nos seis primeiros meses de vida do nenê”.

O processo de sucção evita que o leite seque, fique empedrado e que a mãe e o bebê adquiram infecções. As gestantes e lactentes aprenderam também que o leite materno pode ficar na geladeira por um período de até 12 horas sem prejuízo de sua composição nutricional.

As cinco estudantes de Nutrição encerraram as apresentações cantando a marchinha de carnaval “Mamãe eu quero”, que elas próprias adaptaram, trocando “chupeta” por “peito”.

Saúde dos filhos em primeiro lugar

A jovem mamãe Rozane, de 16 anos, assistiu às exibições, acompanhada de sua filhinha, Kimberly, de cinco meses. Ela disse que já conhecia algumas das informações demonstradas e outras ficou sabendo agora. “Aprendi que o sutiã pode ser furado para o bico do peito ficar mais forte. Não sabia que o nenê pode mamar em qualquer posição”. Ela acredita que essas informações não muito importantes para o crescimento e saúde da filha.

“Achei legal porque elas explicaram muito bem, ainda mais que eu sou marinheira de primeira viagem”, alegra-se a gestante de seis meses Edna Rosília de Souza, de 25 anos. Também para ela, um dos assuntos que mais chamaram atenção foram os cuidados que se deve ter com o bico do peito para evitar a rachadura.

Foi unâmine a opinião das graduandas quanto à importância desse tipo de contato para transformar em prática as teorias aprendidas na faculdade e compreender as dificuldades que as mães enfrentam no dia-a-dia. “Com essas experiências, estaremos mais perto da realidade da mãe. É bonito falar na teoria, mas a prática não é simples”, afirma a futura nutricionista Ana Carolina Garcia.

Exercício profissional

Elas se surpreenderam com a quantidade de perguntas e a grande participação do público. Muitas mães relataram que o aleitamento prolongado de seus filhos trouxe bons resultados para a saúde infantil. Algumas alunas consideraram a experiência “extremamente enriquecedora”.

Ana Maria Cervato, professora de Educação Nutricional, disse que esse trabalho com as grávidas resume-se em dois aspectos: exercício profissional para o aluno e oportunidade para gestantes tirarem suas dúvidas e serem ouvidas. Ela salientou que as mães queriam aprender e o grupo proporcionou a troca: “Assim se desmistifica a idéia de que o acadêmico é superior aos cidadãos de pouca instrução”.

As futuras profissionais analisam a possibilidade de realizarem trabalhos voluntários semelhantes em instituições como igreja, posto de saúde e associação de bairro.

Viviane Gomes
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)