USP: Atividade física diminui estresse em vestibulandos

Foi constatado que aqueles que realizavam alguma atividade física apresentavam um índice de estresse menor que os inativos

ter, 16/09/2003 - 20h00 | Do Portal do Governo

Adolescentes que irão prestar vestibular podem encontrar nas atividades físicas uma maneira eficaz de combater o estresse tão comum nesse período da vida. Em um estudo com 134 alunos do terceiro ano do ensino médio o professor de Educação Física, João Paulo de Castro Villas Boas, constatou que aqueles que realizavam algum tipo de atividade física apresentavam um índice de estresse menor que os inativos.

A conclusão está no mestrado de Villas Boas, apresentado à Faculdade de Saúde Pública da USP em junho deste ano. Ele aplicou nos estudantes (85 do sexo feminino e 49 do masculino) um inventário de estresse e outro de atividade física. Os jovens tinham em média 17 anos e meio e estudavam em um colégio particular da cidade de Santo André, São Paulo, que incentiva o aluno a prestar vestibular em universidades públicas. ‘Se conseguirmos aumentar o numero de horas de atividade física desses jovens, perceberemos uma redução do nível de estresse’, conta o pesquisador.

Villas Boas explica que um dos inventários mostra o grau de estresse em baixo, médio baixo, médio, médio alto e alto. O de atividade física categoriza a pessoa em muito ativo, ativo, pouco ativo ou insuficientemente ativo. ‘A análise dos resultados indica o nível de atividade física e de estresse e permite fazer uma associação entre esses dois fatores’, conta.

Em relação à atividade física, os resultados mostraram que grande parte das meninas (68,3%) estavam na categoria ativa; os meninos (62,7%), na muito ativa. Quanto ao grau de estresse, 64% das meninas estavam no grau médio alto e 30,6% no médio. Entre os meninos, 49% no médio alto e 46% no médio.

‘A participação da mulher no mercado de trabalho aumentou. Se antes trabalhar era uma opção, atualmente podemos dizer que é uma necessidade, por isso os resultados indicaram que as meninas tem um grau de estresse maior que os meninos’, explica Villas Boas.

Alta inatividade

O estudo também constatou que esses jovens passam por um elevado tempo de inatividade. Ao serem questionados sobre por quanto tempo permaneciam sentados, o pesquisador obteve como resposta 593 minutos para meninos e 630 para meninas (durante o tempo livre). Nos fins de semana, esse tempo foi de 430 minutos para meninas e 479 para meninos.

Villas Boas afirma que esses adolescentes devem ser incentivados a tornarem-se fisicamente ativos. ‘Equivocadamente, as pessoas imaginam que praticar atividade física resume-se a entrar em uma academia de ginástica e realizar um exercício muito cansativo, mas não é assim’, explica o pesquisador. ‘O exercício não precisa deixar a pessoa exausta, com o corpo doendo. Se ela caminhar diariamente durante 40 minutos, já estará realizando uma atividade que criará condições favoráveis para ele ficar menos estressado.’

De acordo com o pesquisador, as atividades físicas liberam endorfina, um analgésico natural que dá ao corpo uma sensação de prazer e relaxamento. ‘Uma caminhada melhora sensivelmente o humor. Ao mesmo tempo, quanto menos ativa for uma pessoa, mais cansada e menos disposta ela ficará.’

Valéria Dias – Agência USP