USP: Alterações em genes indicam evolução de tumores de cabeça e pescoço

Incidência é maior entre fumantes e usuários de álcool

seg, 15/03/2004 - 22h02 | Do Portal do Governo

Tese de doutorado apresentada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, por Elisabete Cristina Miracca, analisou os genes mais relacionados com tumores de cabeça e pescoço. A pesquisa procurou estabelecer relações entre as alterações gênicas e o desenvolvimento e evolução dos tumores, inclusive a progressão para o câncer.

A pesquisadora analisou o matérial genético extraído de amostras dos tumores de 144 pacientes do Hospital do Câncer, em São Paulo, e concentrou-se na análise dos efeitos de alguns genes mais associados aos tumores, entre eles os responsáveis pelas enzimas GSTM1, CYP1A1 e GSTT1, que fazem o metabolismo dos carcinógenos (substâncias tóxicas) presentes no tabaco. ‘Tumores de cabeça e pescoço são muito associados ao uso do fumo’, diz Elisabete.

O estudo também analisou os genes CDH-1, que codificam a E-caderina, proteína que atua na adesão das células, e o P-16, que atua como modulador negativo no controle do ciclo celular. Elisabete verificou que duas alterações no gene P-16, a hipermetilação e a mutação, estão associadas a estágios diferentes dos tumores. ‘A hipermetilação era mais freqüente em tumores no estágio inicial da doença’, relata. ‘A mutação do gene está muito associada com a recorrência do tumor após sua remoção’.

Fumo
Segundo a pesquisadora, a ocorrência de tumores e câncer na cabeça e no pescoço está mais associada ao consumo de cigarros e de bebidas alcoólicas. ‘Entre os 144 pacientes estudados, apenas 12 não eram fumantes e só 20 não consumiam álccol’. A incidência dos tumores é maior entre homens com mais de 40 anos.

Elisabete Miracca explica que o desenvolvimento da genética nos últimos anos permitiu à Medicina o estudo de genes associados a determinados tipos de doença. ‘A pesquisa tem sido intensa na busca de novos genes associados a tumores’, afirma, ‘mas a sua utilização na clínica para tratamento pode ser limitada devido aos custos’.

Júlio Bernardes – Agência USP