USP: Acordo irá alavancar estudos em Antropologia Forense

A FMRP oficializa acordo de cooperação acadêmica com universidade britânica para criação de núcleo avançado em identificação de ossadas

seg, 21/02/2005 - 20h57 | Do Portal do Governo

O Centro de Medicina Legal (Cemel) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) assina nesta quarta-feira (23) um convênio internacional para a criação de um Núcleo de Antropologia Forense. Elaborado em parceria acadêmica com a Universidade de Sheffield, da Inglaterra, o projeto contará com uma verba de 30 mil libras – cedida pelo Consulado Britânico por intermédio de um fundo de cooperação global – e pretende ser um centro irradiador de pesquisas e avanços na área de identificação de ossadas humanas.

O contato para a assinatura do convênio entre as duas instituições foi estabelecido pelo professor Marco Aurélio Guimarães, Cemel, que passou uma temporada em Sheffield estudando métodos para a extração de DNA em ossos. ‘Estabelecemos conversações com o professor Martin Evison, que soube das dificuldades que enfrentamos aqui no Brasil e nos apoiou com o pedido de verbas junto ao governo britânico’, conta Guimarães.

Segundo ele, a nova parceria vai possibilitar a aquisição de modernos instrumentos para o trabalho com ossadas, além de uma bibliografia que vai contribuir para o aprofundamento dos estudos sobre o tema. ‘Também haverá intercâmbio de pesquisadores’, explica Guimarães.

Em maio, alguns professores de Sheffield estarão em Ribeirão Preto para trocar experiências e ensinar novas técnicas. ‘Da mesma forma, seis pesquisadores do Cemel irão para a Inglaterra, em junho, em busca de maior capacitação.’

A intenção do Cemel é agregar conhecimento e difundi-lo no Brasil. ‘Pretendemos alcançar um nível de excelência semelhante ao de países avançados em medicina legal, como é o caso da Inglaterra, e nos transformarmos num centro de referência no País’, esclarece Guimarães.

Segunda etapa

Nesse sentido, o Cemel está se preparando para uma segunda etapa do projeto. Após a instalação do núcleo de antropologia forense, a intenção é criar um laboratório de identificação de ossadas por DNA – método ainda muito caro e pouco realizado no Brasil.

‘Um laboratório desse tipo custa aproximadamente R$ 800 mil, verba que ainda não possuímos’, revela Guimarães. Quando o projeto estiver totalmente concluído, o Cemel terá condições mais amplas de identificar ossadas e auxiliar a Justiça e familiares que esperam a identificação de pessoas desaparecidas.

Pesquisadores de Ribeirão Preto e da Inglaterra também estão desenvolvendo um programa de computador que reconstrói virtualmente a face da pessoa a partir das dimensões do crânio. No entanto, para que o computador possa processar as informações, ele deve ter acesso a dados da espessura média dos tecidos moles (pele, músculos e gordura) do rosto dos brasileiros – pesquisa que já está sendo realizada pela FMRP.

Tadeu Breda – Agência USP