USP: Acessório desenvolvido na USP gera imagens de ressonância magnética em 3D

Insert diminui probabilidade de erros em exames e pode auxiliar nas pesquisas em neurociência

ter, 19/04/2005 - 21h06 | Do Portal do Governo

O Grupo de Ressonância Magnética (MRI) da USP de São Carlos desenvolveu um novo acessório para exames de ressonância magnética. Trata-se de um insert de cabeça que permite, entre outras coisas, a obtenção de imagens rápidas necessárias ao estudo da hemodinâmica do cérebro, algo inédito na tecnologia nacional. ‘Esta modalidade de análise é o carro-chefe das pesquisas em neurociência atualmente’, explica o físico Alberto Tannús, coordenador do MRI e orientador do doutorado que originou o equipamento.

Enquanto o método tradicional fornece imagens de ressonância magnética semelhantes às obtidas com raios-x, o insert oferece a opção de imagens tridimensionais, com resolução espacial maior e isotrópica. ‘Estas imagens tridimensionais, obtidas em 0.5 Tesla, possuem a mesma qualidade em todas as direções, o que normalmente não acontece com os exames comuns’, explica Tannús. ‘Uma das dimensões espaciais costuma não ter uma definição muito boa, por conta de características próprias dos exames nesses aparelhos’, diz.

Análises como da junção têmporo-mandibular ou do ligamento cruzado do joelho, necessitam de uma pré-orientação do plano em que será obtida a imagem. ‘Com as imagens tridimensionais esse problema deixa de existir, pois o médico pode escolher a orientação do plano em que vai trabalhar numa etapa posterior à de aquisição de dados. Isso diminui a probabilidade de erro e aumenta a especificidade do exame’.

Segundo o físico, os resultados desses e de outros exames podem ser fornecidos em um CD-rom, juntamente com o aplicativo de visualização 3D. Contudo, este procedimento ainda demorará para ser aplicado clinicamente. ‘Este tipo de mídia ainda não é regulamentada. A legislação determina que os laudos precisam ser feitos em chapas, mas a norma certamente será superada’. Tannús conta que em poucos meses serão acertados os últimos detalhes para a aplicação clínica do acessório, como calibração e interface.

Articulações

O grupo também desenvolve outro sistema de ressonância magnética dedicado a articulações, já em fase final de testes, que deverá estar disponível para uso clínico em cerca de um ano e meio. O ArtroToRM , como foi batizado, será mais compacto e barato que um tomógrafo tradicional (a abertura terá cerca de 20 centímetros), mas poderá ser utilizado em qualquer modalidade, inclusive para imagens tridimensionais.

Nestes aparelhos, apenas a parte a ser analisada é submetida ao campo magnético, o que torna o custo muito menor. ‘Cerca de 40% dos exames realizados na Santa Casa de São Carlos são de joelho e estruturas que não necessitam de um exame do corpo inteiro’, revela. ‘Com o sistema, as condições de imobilização são muito melhores. Podemos gerar imagens com maior nitidez e sem prejuízo ao conforto do paciente, principalmente na pediatria e na veterinária’.

O insert de cabeça foi desenvolvido no estudo de doutorado de Carlos Garrido Salmon, pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC). Desde a instalação do tomógrafo (ao qual se acopla o insert) na Santa Casa de São Carlos, diversos transdutores já foram desenvolvidos, permitindo a realização de exames em praticamente qualquer parte do corpo.

Tannús afirma que estes equipamentos (tanto os transdutores para cabeça, joelho, coluna lombar e torácica e um genérico, quanto o insert e o Artrotorm) foram os primeiros do gênero a serem produzidos no País, pioneirismo reconhecidamente devido ao professor Horácio Panepucci, falecido recentemente.

André Benevides – Agência USP