Unicamp: Vaca mecânica permite merenda escolar mais enriquecida

Máquina produz leite e hambúrguer de soja, que, com um pãozinho, podem suprir 42,5% das necessidades diária de uma criança

qui, 20/10/2005 - 17h20 | Do Portal do Governo

Máquina produz leite e hambúrguer de soja, que, com um pãozinho, podem suprir 42,5% das necessidades diária de uma criança

A merenda servida em muitas escolas pode ganhar reforço nutricional. A Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) criou equipamento capaz de suprir quase metade das necessidades protéicas diárias de uma criança com até 40 quilos.

Denominado vaca mecânica, o aparato consegue produzir leite e hambúrguer, ambos de soja. A invenção, segundo Roberto Moretti, professor da FEA e responsável pelo trabalho, pode produzir a maior parte dos ingredientes de um kit merenda para os alunos. Apenas o pão francês teria de ser adquirido à parte.

De acordo com Moretti, 3,75 quilos de soja resultam em 30 litros de leite. O resíduo do processo pode ser utilizado para fazer 150 hambúrgueres de 90 gramas cada. Incluindo um pãozinho de 50 gramas, cada kit fornece 27,2 gramas de proteína e 480 calorias. “Esses valores são suficientes para suprir 42,5% das necessidades diárias de uma criança”, observa o pesquisador. Outra vantagem está na origem da matéria-prima. “A soja é abundante em qualquer região do Brasil. Na vaca mecânica, funciona como o leite em pó convencional. Basta diluí-la em água para obter o leite-de-soja”, explica.

Economia – A vaca mecânica foi montada com peças de eletrodomésticos (liquidificador e centrífuga de alimentos) e tanques de aço inoxidável.

Com pequenas adaptações, o pesquisador conseguiu produzir o kit-merenda a um custo de R$ 0,23 por unidade. No equipamento, os grãos são triturados com água fervente. Em seguida, a mistura é levada à centrífuga para que seja processada, separando a parte líquida da sólida. Enquanto o leite é submetido a tratamento térmico para melhorar o cheiro e o sabor, o resíduo sólido é despejado num misturador, onde recebe farinha de trigo, proteína texturizada de soja, sal, corante e temperos. “Também é possível fazer croquetes, coxinhas ou quibes, para as crianças não enjoarem dos hambúrgueres”, explica Moretti.

Para oferecer dieta balanceada a seus alunos, conta o professor da Unicamp, as instituições de ensino precisam dispor de sala com 50 metros quadrados para abrigar a vaca mecânica, além de uma chapa para grelhar os hambúrgueres. O investimento estimado para montar o aparelho é de R$ 22 mil. O gasto, segundo ele, pode ser recuperado em pouco tempo. Cada máquina é capaz de produzir 1,2 mil kits a cada oito horas de operação.

“É possível economizar nas merendas e ainda produzir alimento altamente nutritivo”, afirma. A primeira versão do equipamento, que existe desde 1977, funciona em escolas de algumas cidades brasileiras e produz leite-de-soja. Além de locais como Piracicaba e Nova Odessa, no Estado de São Paulo, ou Curitiba, no Paraná, o invento cruzou mares e chegou a Cuba e Angola.

Da Agência Fapesp