Unicamp: Pós-graduação atinge a marca de 20 mil teses defendidas

Programas de especialização superior titularam 13.763 mestres e 6.265 doutores

ter, 30/09/2003 - 10h27 | Do Portal do Governo

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão do governo federal, avaliou que a pós-graduação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) atingiu a marca de 20 mil teses defendidas no período entre 1970 e julho deste ano. Os programas de especialização superior titularam 13.763 mestres e 6.265 doutores.

O pró-reitor de pós-graduação Daniel Hogan preocupa-se em fazer justiça aos autores das primeiras teses defendidas na Unicamp, antes de 1970, quando vigorava o regime antigo. Nele, os pesquisadores formados em outras instituições tinham seus trabalhos científicos avaliados por bancas escolhidas pela universidade.

“Estamos divulgando números inteiros, a partir da criação dos cursos formais de pós-graduação. A rigor, a Unicamp não pode vangloriar-se de ter formado aqueles mestres e doutores, mesmo que muitos deles tenham feito carreiras brilhantes dentro da universidade – inclusive orientando teses – e ajudando a transformá-la no que é hoje”, informa.

Na opinião de Hogan, construiu-se uma instituição ímpar no Brasil e uma das poucas do mundo a ter mais alunos de pós-graduação que de graduação. A marca de 20 mil teses foi ultrapassada no final de julho, graças ao aumento progressivo do número de estudantes nos últimos anos, tanto no mestrado como no doutorado. A procura por parte de doutorandos, porém, tem sido mais acentuada.

“Estamos perto de receber o mesmo número de teses de doutorado em relação ao de mestrado, o que absolutamente inédito. Quando informei o presidente da Capes sobre o número de teses, sua reação foi de grata surpresa. Não tenho o dado, mas somente a USP deve ter superado esta marca no País”, afirma.

Cursos interunidades

Reconhecida a vocação da Unicamp na formação de quadros para outras universidades, o crescimento da demanda torna-se irreversível. Somente em julho foram aprovados quatro novos cursos de pós: os doutorados em Antropologia e Sociologia, e os de Ensino em Geociências e de Ambiente e Sociedade, ambos interdisciplinares.

“A especialização vai crescer. Nesse estágio em que as áreas básicas estão consolidadas, recebendo conceitos muito positivos de avaliação, devemos nos decidir para onde crescer. Uma boa direção é a priorização de cursos interunidades e interdisciplinares, que irão dominar qualquer discussão da ciência em nível internacional”, prevê.

Hogan lembra que um dos primeiros cursos interdisciplinares da Unicamp foi o de Planejamento Energético, em meados da década de 80. “Na época, não tínhamos estrutura para abrigá-los – nem clareza sobre a importância que eles viriam a adquirir – e, por isso, acabaram sediados em uma unidade. É o mesmo caso da Demografia (que requer conhecimentos da Sociologia, História, Estatística, Matemática), curso alocado no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Hoje, a tendência seria a colaboração entre unidades. Como exemplo de cursos interunidades temos o de Ciências e Engenharia de Petróleo”, ilustra.

Amadurecimento na pós-graduação

Ainda salientando que a atual estrutura da pós foi criada em função das áreas básicas, Hogan aponta outra característica futura, que são os mestrados interinstitucionais. O primeiro curso, de relações internacionais, começou a funcionar este ano, comprometendo docentes da Unesp, PUC-São Paulo e Unicamp. O aluno terá o título emitido pela instituição em que estiver matriculado, e onde também estará seu orientador.

“Nenhuma das três instituições, sozinha, poderia oferecer o mestrado em relações internacionais. Dessa forma, potencializamos os recursos humanos concentrados em uma região, oferecendo um corpo docente qualificado. A facilidade de comunicação, hoje, vai permitir cursos interinstitucionais em outras áreas ”, explica.

O pró-reitor considera que a marca de 20 mil teses é uma referência importante também para a comunidade externa, visto que o Ministério da Educação está preparando o 5º Plano Nacional de Pós-Graduação, oferecendo diretrizes e bases para as políticas das instituições.

“O plano nacional não tem caráter obrigatório, mas certamente será levado em consideração não só pela Capes mas também por órgãos de promoção como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifíco e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapesp). A Unicamp, que atingiu este amadurecimento na pós-graduação, tem certa obrigação de contribuir na elaboração do plano”, opina.

Autonomia

Outra tendência, colocada nas discussões do planejamento estratégico da Unicamp, diz respeito à flexibilidade da grade curricular. Hogan indica a herança de estruturas rígidas que tinham razão de ser quando criadas, mas que hoje pedem flexibilização, atribuindo-se novo caráter inclusive na graduação. “Vários cursos estão excessivamente escolarizados, exigindo muitos créditos em disciplinas que demoram a autonomizar o aluno. Precisamos trabalhar no sentido de tornar o estudante mais livre para escolher as matérias e construir sua grade curricular.”

O curso de graduação em farmácia começa no próximo ano, reunindo três unidades de ensino (Faculdade de Ciências Médicas, Instituto de Química e Instituto de Biologia) e uma unidade de pesquisa (Centro Pluridisciplinar em Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas). “É inevitável que esta área amadureça e também venha a propor uma pós-graduação”, finaliza.

Da Assessoria de Imprensa da Unicamp
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)