Uma bebida láctea rica em proteínas e semelhante ao leite achocolatado, produzida a partir das sementes de cupuaçu, foi desenvolvida por pesquisadores da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (FEA/Unicamp).
Os experimentos, realizados por uma equipe coordenada pelo professor da FEA Nelson Horacio Pezoa García, mostraram a alta qualidade nutricional das proteínas da semente para substituir as proteínas do leite. De acordo com a pesquisa, foram obtidos concentrados com 31,18% de proteína e isolados com 64,33% de proteína a partir das sementes de cupuaçu, fruta originária da região amazônica que pertence à mesma família e gênero do cacau.
A novidade, com alto valor nutritivo, pode ser disponibilizada em pó ou líquido. “A bebida pode ser produzida com proteína concentrada ou isolada da semente de cupuaçu. Para preparar um similar ao achocolatado, sementes frescas com polpa foram fermentadas, secas, torradas, decorticadas, moídas, desengorduradas e alcalinizadas, de modo a obter o pó”, disse García à Agência FAPESP. “ O tratamento de alcalinização feito no pó objetiva o aumento da solubilização, dispersão e melhoramento da cor.”
A polpa do cupuaçu é largamente comercializada em todo o pais por ter sabor agradável e inúmeras aplicações, como sucos, iogurtes, sorvetes e geléias. “Mas, na região amazônica, as empresas processadoras da polpa descartam quase a totalidade das sementes, que acabam sendo utilizadas como adubo. Uma pequena parte é aproveitada em produtos similares ao chocolate e na obtenção de gorduras para produtos cosméticos”, disse García. “A idéia é promover a utilização dessas sementes que são descartadas, diminuindo os custos na produção de uma bebida altamente nutritiva.”
Segundo García, os ensaios biológicos comprovaram que a proteína das sementes de cupuaçu tem alta qualidade nutricional, superior a de outras proteínas vegetais como às do próprio cacau. “Na bebida de cupuaçu, é possível ter o mesmo teor de proteínas de um achocolatado tradicional formulado com leite de vaca, com um custo bem inferior”, disse García.
Por Thiago Romero, da Agência FAPESP
(LRK)
