Estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revelou possibilidades de uso de laser de dióxido de carbono (CO2) na prevenção da cárie dentária. O trabalho, que recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), comprovou a eficácia da aplicação do laser de alta potência na redução da desmineralização do esmalte dental humano. Por enquanto, os testes foram realizados em laboratório e em 17 voluntários que utilizaram dispositivo intra-oral, semelhante a um aparelho ortodôntico móvel, contendo blocos de dente humano irradiados com o laser. Os voluntários gotejavam sobre os blocos solução contendo açúcar para proporcionar a formação de lesão de cárie.
“A aplicação da radiação altera a superfície do esmalte e cria espécie de barreira à penetração dos ácidos que causam a cárie”, explica a cirurgiã-dentista Lidiany Karla Azevedo Rodrigues. A pesquisadora ressalta, porém, que são necessários mais estudos em seres humanos para a confirmação de todos os resultados.
Lidiany afirma que a emissão do laser deve ser feita em associação com creme dental fluoretado. Nos testes, o uso conjunto inibiu em 84% o desenvolvimento da cárie, enquanto o emprego isolado do creme dental impossibilitou em 47%. Somente com a irradiação da fonte de luz, os resultados de redução de cárie foram da ordem de 35%. “O laser potencializa o efeito do creme dental fluoretado e vice-versa”, observa.
A aplicação do laser não tem baixo custo. Mas a diminuição da desmineralização obtida no processo foi similar àquela conseguida com a utilização de creme dental fluoretado três vezes ao dia, o que indica que as aplicações não devem ser periódicas. Como alguns consultórios têm este laser e a tecnologia vem se tornando cada vez mais acessível, há a possibilidade de o processo ser barateado. A tese foi orientada pela professora Marinês Nobre dos Santos Uchôa, que utilizou estudos internacionais iniciados no pós-doutorado da orientadora, na Universidade da Califórnia, sob a orientação do professor John Featherstone.
Do Jornal da Unicamp
C.C.