Um adesivo poliuretânico desenvolvido a partir da reciclagem de garrafas PET (politereftalato de etileno) para ser aplicado na colagem de camadas de filmes que compõem embalagens flexíveis de alimentos. O material, que já deflagrou um pedido de patente, foi desenvolvido em pesquisa no Instituto de Química (IQ) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
‘O segredo foi reagir o material originado das garrafas PET com outros compostos químicos até chegar ao adesivo final, que contém em média 33% do material reciclado’, disse a pesquisadora Rosemary de Assis, responsável pelo estudo, à Agência FAPESP.
Rosemary comparou o adesivo reciclado com outros similares utilizados de forma comercial para verificar os resultados do novo produto. ‘Das amostras testadas, três apresentaram resultados de aplicação bem parecidos com os dos comerciais e duas tiveram qualidade de adesão ainda maior’, revelou.
O adesivo pode ter ainda características alteradas para outras aplicações, como para colar papel, couro e outras embalagens. ‘Sem contar que uma das grandes vantagens é estarmos trabalhando com um produto reciclado. Isso faz com que o custo de matéria-prima chegue a ficar até 20% mais barato’, afirma a autora da pesquisa, feita como dissertação de mestrado orientada pela professora do IQ Maria Isabel Felisberti.
Rosemary lembra que, além do baixo custo, a reciclagem química do PET minimiza a agressão ao meio ambiente e ainda gera emprego e renda para famílias carentes. ‘A idéia é ampliar os ganhos econômicos, ambientais e sociais com a utilização dessa nova tecnologia. Estima-se que a reciclagem, não só de plástico, mas de todos os materiais, gere atualmente cerca de 500 mil empregos, direta e indiretamente, no Brasil’, disse.
Apesar de o índice de reciclagem das garrafas PET ter aumentado de 17%, em 1994, para 35%, em 2002, Rosemary lamenta que esse tipo de reciclagem química ainda é pouco praticada no país. ‘Segundo os dados da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), somente 10% do plástico reciclado hoje no país é destinado à reciclagem química’, disse.
Por Thiago Romero, da Agência FAPESP