Unicamp: Engenharia Agrícola desenvolve máquina que reduz perdas na produção de tomate

Danos físicos causados pelo manejo inadequado causam perda de 30% da produção

qua, 28/05/2003 - 11h34 | Do Portal do Governo

Pesquisadores da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp estão desenvolvendo máquina que preserva a qualidade, diminui perdas e elimina quatro etapas da cadeia produtiva do tomate, desde a colheita até a venda no mercado varejista. De acordo com pesquisa feita pela universidade, danos físicos causados pelo manejo inadequado causam perda de 30% da produção, e 95% dos compradores estão insatisfeitos com o produto.

Com a nova tecnologia, o tomate pós-colhido seria colocado, ainda no campo, na máquina de onde sairia embalado. O procedimento, ao evitar o intenso manuseio do produto, reduz perdas, melhora a qualidade, diminui custos e dinamiza todo o processo produtivo, assegura o coordenador da pesquisa, professor Marcos David Ferreira.

No sistema tradicional, os tomates são dispostos em cestas pelo colhedor. Para enviá-los até o local de classificação, são transferidos para caixas plásticas e transportados por trator. Quando o produtor tem a máquina classificadora, os tomates são novamente manuseados para o emprego no equipamento, e só nessa fase são embalados. Nos casos de classificação manual, o contato é maior. “Por isso é importante um sistema apropriado que promova o correto manuseio dos produtos.”

O projeto, financiado pela Fapesp, está na etapa inicial. De acordo com estimativas, o protótipo final deverá estar concluído em três anos e terá custo de R$ 100 mil, valor considerado baixo para a atividade. Ferreira explica que somente o equipamento de classificação e beneficiamento nacional pode atingir valores de R$ 50 mil.

Produção nacional

Originário dos Andes e da América Central, o tomate possui diversas variedades. As mais comuns são Carmen, Débora e Fanny. O fruto também é classificado por grupos (oblongo ou redondo) ou pelas cores verde, salada, colorido, vermelho e molho.

As regiões de Mogi-Mirim e Campinas são responsáveis por cerca de 18 e 15%, respectivamente, da produção do Estado. Em 2002, foram colhidos no Brasil mais de 3,5 milhões de toneladas entre os tomates produzidos para a mesa e para a indústria.

Pesquisa de mercado

Pesquisa de opinião, realizada em Campinas pela equipe da Unicamp, revela que cerca de 95% dos consumidores, entrevistados nos pontos de venda, não estão satisfeitos com a qualidade do tomate. Atribuem o descontentamento aos danos físicos, à aparência manchada e por estarem verdes na hora da compra.

O levantamento indica que 55% dos consumidores querem o tomate com melhor qualidade e não se importam em pagar um pouco mais pelo produto. Pela pesquisa, Ferreira também percebeu que o principal motivo da compra é para o consumo na forma de salada. Por isso, a dona-de-casa dá muita importância aos padrões de aparência e de cor. Outro dado interessante é que 58% preferem comprá-lo em supermercados, por causa da comodidade.

Se os consumidores estão descontentes com o produto, os atacadistas também demonstram certo desagrado. “A pesquisa identificou que 54% dos principais atacadistas de tomate da Ceagesp estão insatisfeitos com a qualidade do produto, pois ele tem que ser reclassificado por falta de padronização.”

Da Agência Imprensa Oficial

(AM)