Unicamp: Deficientes visuais dispõem de mouse desenvolvido por estudantes

Equipamento mais fácil de operar do que os modelos existentes, além de oferecer mais funcionalidade

qua, 25/02/2004 - 11h33 | Do Portal do Governo

Márcio Rogério Juliato, aluno do Instituto de Computação (IC) Unicamp, e o colega Daniel Ferber desenvolveram o protótipo de um mouse destinado a pessoas que apresentam problemas motores. O equipamento, além de oferecer mais funcionalidade, também é mais fácil de operar do que os modelos existentes no mercado. O trabalho conquistou o primeiro prêmio de um concurso de projetos promovido pelo Centro Acadêmico Bernardo Sayão, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC).

Em 2002, com o apoio dos professores Rodolfo Jardim de Azevedo e Paulo Cesar Centoducatte, ambos do IC, Juliato concebeu um sistema de leitura para deficientes visuais capaz de transformar um texto na tela do computador em linguagem braile, sem necessidade de impressão. O dispositivo, que agora está sendo aperfeiçoado para permitir a leitura por meio do tato, conquistou o segundo lugar numa olimpíada universitária promovida por uma empresa do segmento eletrônico, da qual participaram cerca de 500 estudantes de todo o País, divididos em 114 equipes. Os dois inventos já estão sendo patenteados.

O estudante, que concluiu o curso de Engenharia de Computação e agora faz mestrado na área, conta que o mouse destinado a pessoas com necessidades especiais levou três meses para ser desenvolvido.

O equipamento foi concebido em duas versões. A mais simples é composta por um painel com seis botões. Acionados pela pressão da mão, quatro deles fazem com que o cursor se movimente para cima, para baixo, para a esquerda e para a direita. Os outros dois botões têm a função de ‘agarrar’ e ‘soltar’, o que permite que o usuário arraste objetos (um ícone, por exemplo) de um ponto para o outro da tela.

A outra versão, mais completa, é composta por 12 botões. Além de ter as mesmas funções da anterior, também permite que o usuário movimente o cursor nas diagonais, tanto para cima quanto para baixo. Dispõe, ainda, de dois comandos que reproduzem a função dos botões direito e esquerdo do mouse convencional.

O equipamento apresenta uma série de vantagens em comparação com os modelos comerciais. Primeiro, ele é robusto, suportando um nível razoável de impacto, além de apresentar uma boa proteção contra umidade. Outra característica é que o mouse especial pode ser conectado a qualquer computador, sem a necessidade de um software específico, ao contrário do que ocorre com os existentes no mercado. Ou seja, funciona com qualquer programa e com todos os sistemas operacionais.

O estudante da Unicamp destaca ainda que um mouse convencional pode ser acoplado ao mouse especial, de modo que duas pessoas (aluno e professor, por exemplo) possam assumir o controle da operação, mas não ao mesmo tempo. O equipamento é formado por uma estrutura mecânica onde estão dispostos os botões, um hardware que utiliza microcontroladores e softwares de controle. Conta também com um coletor de dados, que permite ao professor saber que botões o aluno mais aciona.

Segundo Juliato, esse tipo de informação é importante no momento de o educador analisar o comportamento dos alunos durante a utilização do sistema. Segundo ele, o sistema de leitura para deficientes visuais deverá ser aperfeiçoado em breve.

Por usar leds para reproduzir os caracteres da linguagem braile, o protótipo evidentemente ainda não pode ser usado pelo público a quem se destina. O problema deve ser resolvido, conforme o jovem inventor, com o uso de microestruturas ou com algum tipo de material polimérico, que se contrairia ou se distenderia, permitindo a formação dos relevos característicos do alfabeto Braille.

Manuel Alves Filho – Da Assessoria de Imprensa da Unicamp
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)