Unesp: Uso precoce de óxido nítrico reduz morte por insuficiência respiratória

Pesquisador da Unesp leva esperanças a crianças com a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo

ter, 09/09/2003 - 12h21 | Do Portal do Governo

Graças à adoção de uma nova estratégia terapêutica, o pesquisador e atual chefe do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Unesp, campus de Botucatu, José Roberto Fioretto, está levando esperança de vida às crianças internadas na UTI Pediátrica do Hospital das Clínicas de Botucatu. Trata-se da administração precoce do gás óxido nítrico inalatório para o tratamento da Síndrome de Desconforto Respiratório Agudo (SDRA).

Considerada a forma mais grave de insuficiência respiratória aguda, a doença acomete aproximadamente 5% das crianças internadas em unidades de terapia intensiva. Empregando o óxido nítrico inalatório precocemente, Fioretto conseguiu reduzir a taxa de mortalidade de, aproximadamente, 40% para 16%.

O mal é caracterizado pela dificuldade dos alvéolos em fazer as trocas gasosas, nos pulmões, de gás carbônico pelo oxigênio. Sem esse processo, a criança pode morrer por insuficiência respiratória.

A estratégia utilizada pelo pesquisador está no momento da administração do óxido nítrico inalatório. ‘O gás tem sido empregado como último recurso no tratamento da doença pela maioria dos autores. Nós, ao contrário, passamos a utilizá-lo como terapia de primeira linha, em conjunto com outras formas de tratamento’, explica.

Revista internacional

O gás começou a ser estudado pelo grupo de Fioretto há dois anos. A análise de dez casos de SDRA foi publicada em revista internacional, dando conta de que apenas um dos pacientes faleceu.

Em 2002, Fioretto fez um estudo comparativo entre grupos de crianças que receberam o óxido nítrico inalatório associado à terapia convencional, com grupos que não tiveram o mesmo tratamento.

Dos 18 pacientes do grupo, que utilizaram o tratamento inovador, três faleceram; mortalidade de 16,6%. Entre os que não fizeram uso do gás, a mortalidade ficou em 47,6%, ou seja, das 21 crianças tratadas, 10 morreram.

Os resultados dos estudos foram apresentados em junho no 4° Congresso Mundial de UTI Pediátrica, realizado em Boston (EUA), e publicados no suplemento da revista Pediatric Critical Care Medicine. A próxima etapa do trabalho, de acordo com o pesquisador, é aumentar o número de casos, em estudos, e a participação de diversos centros de terapia intensiva pediátrica do Estado de São Paulo.

Julio Zanella
Da Assessoria de Imprensa da Unesp

(AM)