Unesp: Uso de radiação para recuperar ossos danificados premiado em congresso internacional

Pesquisa obteve sucesso na aceleração do processo de regeneração de células ósseas de ratos

qui, 16/01/2003 - 19h01 | Do Portal do Governo

O raio laser, que já tem diversas aplicações na área médica, poderá abrir novos caminhos para a recuperação de fraturas e problemas de osteogênese, ou seja, de formação dos ossos. Uma pesquisa realizada pela fisioterapeuta Ivânia Garavello, docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT), campus de Presidente Prudente, obteve sucesso na aceleração do processo de regeneração de células ósseas de ratos. Com esse estudo, Ivânia recebeu no final do ano passado, em Florença, na Itália, o primeiro prêmio do Congresso Laser e Medicina, promovido pela International Academy for Laser Medicine and Surgery, concorrendo com mais de cem outros trabalhos de diversos países.

A pesquisa, que faz parte da tese de doutorado da professora, envolveu 32 ratos que tiveram suas tíbias perfuradas. Em média, esse tipo de lesão exige um prazo de recuperação entre três e quatro semanas, mas os resultados do estudo concluíram que o uso do laser pode encurtar esse processo para pouco mais de uma semana.

Os animais estudados foram divididos em três grupos: o primeiro não foi submetido ao laser, o segundo recebeu uma aplicação correspondente a 31,5 joules (uma medida de energia) e o terceiro, uma aplicação de 94,5 joules. A radiação foi ‘suave’, ou seja, o raio laser foi emitido por um aparelho de baixa potência, correspondente a 1 watt (uma lâmpada caseira tem uma potência média de 100 watts, por exemplo).

De acordo com Ivânia, entre os animais que receberam radiação, a regeneração óssea foi acelerada em 30% na primeira semana, além de ocorrer um aumento de quase 60% no número de vasos sanguíneos, em comparação com o grupo de ratos não submetidos ao laser. A pesquisa foi realizada na Unicamp, sob a orientação dos professores Vitor Baranauskas e Maria Alice Cruz-Hofling.

A fisioterapeuta da FCT ressalta as perspectivas de aplicação médica do trabalho. ‘A importância de um estudo como este é a possibilidade de melhorar a qualidade de vida dos seres humanos’, conta Ivânia. ‘Pelo menos três pessoas com problemas de osteogênese já me procuraram, oferecendo-se como voluntárias em experiências.’

Melhora comprovada

As figuras abaixo mostram trechos da superfície de dois ossos de rato. A primeira, de um osso sem lesão; a segunda, de uma tíbia perfurada e submetida a sessões de radiação durante 7 dias. Ambos possuem praticamente a mesma espessura (rugosidade): o primeiro tem 1.665 nanômetros (nm); o segundo, 1.610 nm (um nanômetro corresponde à bilionésima parte de um metro). Isso mostra como a radiação foi bem-sucedida para recuperar os ossos danificados.