Por meio de seu Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica (Liec), ligado ao Instituto de Química (IQ), a UNESP passa a estabelecer uma relação pioneira com empresas que agregam alta tecnologia em seus produtos comercializados no varejo. Pelo sistema spin off, a instituição proporciona que empresas, em ramos diversos, possam utilizar e difundir o conhecimento gerado nos laboratórios de pesquisa. ‘Por este sistema, a universidade sai do clientelismo e passa a ter um papel ativo na sociedade’, assinala o pesquisador Elson Longo, diretor do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos, ao qual o Liec está vinculado.
Um exemplo deste tipo de parceria é a que o Liec mantém com a KosmoScience, empresa que presta assessoria técnica e científica na área de cosméticos. Ela atua no processo de produção, controle de qualidade, avaliações físico-químicas e acompanhamento de avaliação de teste de eficiência de cosméticos junto a consumidores e técnicos da área.
Para realizar, por exemplo, a caracterização de um hidratante, ou seja, medir exatamente os benefícios do produto para a pelo do consumidor, a KosmoScience recebe o apoio científico de pesquisadores do IQ, campus de Araraquara, e utiliza os sofisticados equipamentos do Liec. O laboratório dispõe de instrumentos eletrônicos de alta precisão, utilizados para operar com materiais em escala nanométrica.
O sistema spin off é comum em países onde os centros de pesquisas estão em patamares mais avançados em termos de inovação tecnológica. Em síntese, ele permite transferir para a sociedade o resultado das pesquisas. Por trás da parceria do IQ com a Kosmo está a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Com seus Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid), a agência está conseguindo novos parâmetros para o financiamento da pesquisa. ‘Com nossas ações, estabelecemos um fator multiplicador. Ao mesmo tempo em que desenvolvemos pesquisas básicas, com a verba recebida pelos contratos mantemos um ritmo de atividade com pagamentos de bolsas, de técnicos para o laboratórios e manutenção dos equipamentos’, explica Longo.
Em 29 de julho passado, a KosmoScience recebeu o Prêmio Nacional Top of Business, concedido pela Montreal Eventos e Organizações, a profissionais que se destacam pelo talento e pelas iniciativas. ‘A parceria com a universidade é imprescindível, pois atuamos em uma área em que a tecnologia é o diferencial’, esclarece o químico Adriano Pinheiro, um dos fundadores da Kosmo, cujos membros são ex-alunos da Universidade Federal de São Carlos.
A KosmoScience tem apenas um ano de funcionamento, mas possui uma lista de clientes, entre eles a Unilever, a BASF e a Natura, que dá a medida do público que está se beneficiando do conhecimento gerado nas universidades. Em 2004, a empresa conquistou o primeiro lugar no XVIII Congresso Brasileiro de Cosmetologia com o trabalho ‘Decifrando os efeitos dos componentes voláteis oriundos da queima de cigarro impregnados à fibra do cabelo’, orientado pelo professor Longo.
Do Portal Unesp
J.C.
