Unesp: Projeto Bambu pesquisa 25 espécies da planta

Cultivo é utilizado para estudos na área de irrigação e laminados

qua, 09/04/2003 - 13h17 | Do Portal do Governo

Da Agência Imprensa Oficial e Assessoria de Imprensa da Unesp


Conhecida como a planta dos mil usos, o bambu pode ser utilizado na produção de alimentos, armas, utensílios domésticos, ferramentas agrícolas, artesanato, papel, tecido, cordas, jangadas e uma infinidade de itens. Ele foi empregado na cúpula do imponente Taj Mahal, construído no século XVII, na Índia. E também na construção dos primeiros aviões por Santos Dumont, no início do século XX.

‘Material ecológico leve, resistente, versátil e com excelentes características físicas, químicas e mecânicas, é utilizado em reflorestamentos e pode até substituir a madeira ou mesmo plásticos e metais’, informa o coordenador do Projeto Bambu, Marco Antonio dos Reis Pereira, docente do Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia (FE) da Unesp de Bauru.

Desenvolvido desde 1992 no Laboratório de Processamento de Madeira da FE, o projeto abrange 25 espécies de bambu, 12 delas prioritárias, segundo classificação do International Network for Bamboo and Rattan (Inbar). ‘Elas são cultivadas e utilizadas para pesquisas na área de irrigação e laminados’, informa Pereira.

O primeiro trabalho desenvolvido foi a utilização do bambu como condutor de água para irrigação de baixa pressão. ‘Devido aos baixos custos envolvidos, é uma alternativa para os pequenos produtores rurais, que normalmente não têm acesso à tecnologia de irrigação. Mesmo sem tratamento de preservação, a tubulação enterrada de bambus tem vida útil de um ano a um ano e meio. Em seguida, apodrecem, mas podem ser substituídos, numa operação fácil e rápida, por outros tubos de bambu.’

Larga comercialização

Conhecido como madeira dos pobres, na Índia, e irmão, no Vietnã, o bambu tem a China como seu maior produtor mundial, com uma área plantada da ordem de sete milhões de hectares. Lá, é utilizado em aplicações industriais como broto comestível, celulose e papel, material para engenharia, construção, química, móveis, produtos à base de bambu processado e laminado colado.

Embora seja mais aproveitado na Ásia, países latino-americanos como Colômbia, Chile, Equador e Peru também têm o bambu como elemento constante de sua cultura. ‘Entre nós, apesar de conhecido e relativamente comum, ele é pouco utilizado. Isso ocorre devido ao desconhecimento de suas milhares de espécies, características e aplicações e pela falta de pesquisas e informações especiais.’

No Brasil, o uso do bambu ainda se limita à produção de papel e aplicações tradicionais como artesanato, vara de pescar, móveis e o broto comestível. Atualmente, o Projeto Bambu acompanha o desenvolvimento das espécies cultivadas no câmpus. Desenvolve pesquisas na área de processamento e produtos à base de bambu laminado colado (BLC) como pisos, painéis e cabos de ferramentas, utilizando, para isso, matéria-prima advinda de plantio próprio.

Dos trópicos às montanhas

O bambu distribui-se dos trópicos até as regiões temperadas, sendo encontrado desde o nível do mar até três mil metros de altitude. Existe cerca de 50 gêneros e 1.250 espécies. Organismos internacionais ligados à cultura do bambu recomendam a introdução em cada país de 19 espécies consideradas prioritárias, com base em critérios relativos à sua utilização, cultivo, processamento, recursos genéticos e agroeocologia. ‘Doze delas constam da coleção existente no Departamento de Engenharia Mecânica da Unesp e são objeto de nossas pesquisas’, informa o coordenador do projeto.

(AM)