Unesp: Pesquisadores produzem biscoito inédito com cogumelo

Inventores da novidade pretendem exportar o produto, que passa por análises químicas e terá nove variações

sáb, 07/02/2004 - 17h36 | Do Portal do Governo

Um produto original no mercado mundial. Esse foi o resultado de um projeto elaborado nas horas de folga de dois doutorandos da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA), da Unesp de Botucatu.

Trata-se de um biscoito que inclui na composição da massa o cogumelo Agaricus blazei. Também conhecido como cogumelo do sol, o A. blazei é muito consumido no oriente com fins medicinais. Embora sem fundamento científico, acredita-se que ative o sistema imunológico e, supostamente, seja eficiente em tratamentos contra câncer, aids e hepatite.

A pesquisa foi desenvolvida nas horas livres do nutricionista Luiz Fernando Santos Escouto e do engenheiro agrônomo João Kopytowsky Filho, ambos doutorandos em Energia na Agricultura da FCA. A idéia nasceu numa conversa informal entre os dois, que cursavam a mesma disciplina na pós-graduação da FCA – Fermentação e Energia Biossintética.

Luiz Fernando trabalhava num projeto de pão sem glúten, quando João, que é especialista no cultivo de cogumelos comestíveis, sugeriu adicionar shiitake – um tipo de cogumelo bastante utilizado na culinária – como recheio dos pães.

A experiência

Da idéia inicial, os pesquisadores fizeram outros experimentos e resolveram adicionar o pó do A. blazei à massa dos pães. Como este cogumelo tem sabor amargo e forte, fizeram diversas experiências até chegar às misturas que ficassem com cheiro, textura, aparência e, principalmente, gostos agradáveis. Daí surgiu o biscoito, com algumas variações, sempre incluindo o A. blazei na composição. São nove tipos: o beliscão, com e sem goiabada; amanteigado e semi-amanteigado, ambos podendo conter ainda gengibre ou canela; e o biscuit salgado.

Depois de análises sensoriais feitas por pessoal técnico, os biscoitos passaram pelo teste de aceitabilidade da população. “Quem provou, aprovou”, garante o agrônomo. Um grupo de cultivadores e exportadores de cogumelos também experimentou o produto durante o 1º Simpósio Nacional de Cogumelos Comestíveis, realizado em setembro, no município de Mogi das Cruzes, Grande São Paulo.

Busca de parcerias

A novidade despertou interesse no Japão, um dos maiores mercados consumidores dos cogumelos A. blazei, cuja produção nacional 90% é exportada. “Alguns exportadores comunicaram a seus clientes japoneses a existência dos biscoitos com A. blazei. Enviamos algumas amostras para lá que tiveram boa aceitação. Agora estamos aguardando resultados de análises químicas. Só então será possível pensarmos em exportar”, informa Escouto.

A dupla de pesquisadores está em busca de parceiros interessados em produzir o biscoito, cujo destino final será, principalmente, a exportação. Os principais mercados consumidores do A. blazei estão no Oriente – Japão, Coréia e China. É justamente para estes países que os criadores da novidade pretendem vender o produto.
Apesar do A. blazei chegar a custar U$ 370 o quilo desidratado, os “biscoitos não serão caros”, garante Escouto. “São feitos com cogumelos fora do padrão comercial para exportação por estarem quebrados ou escuros, porém com a mesma qualidade. O preço dos cogumelos utilizados variam de R$ 30 a R$ 100 o quilo”, informa Kopytowski.

Sirlaine Aiala
Da Agência Imprensa Oficial