Unesp: Pesquisadores desenvolvem composto capaz de impedir crescimento de células tumorais

Estima-se que são diagnosticados 269 mil novos casos de câncer por ano no Brasil

sex, 21/02/2003 - 11h36 | Do Portal do Governo

Da Agência Imprensa Oficial e da Assessoria de Imprensa da Unesp


Em busca de novos medicamentos para combater o câncer, pesquisadores do Instituto de Química (IQ) da Unesp de Araraquara desenvolveram um composto capaz de impedir o crescimento de células tumorais e minimizar os efeitos colaterais causados pela quimioterapia. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, estima-se que, anualmente, são diagnosticados no Brasil 269 mil novos casos e 108 mil mortes pprovocadas pela doença.

O novo complexo resulta da combinação de um aminoácido extraído do alho com o metal paládio e poderá ser usado para combater o câncer cervical. “Esse medicamento apresenta grande potencial para ser utilizado no tratamento da doença. Deverá ser menos agressivo, mas tão eficiente quanto as drogas atuais”, explica o coordenador da pesquisa, Antônio Carlos Massabni.

A equipe, coordenada pelo químico do IQ, realizou testes in vitro que comprovaram a capacidade do composto em combater as células tumorais. “Em concentrações acima de 170 microgramas de paládio por mililitro, o produto mostrou-se eficiente na interrupção do crescimento das células tumorais e na capacidade de “matar” as existentes, como ocorre nos tumores”.

O próximo passo, a realização de experiências com camundongo, começou e o pesquisador diz que as perspectivas de sucesso são promissoras. Paralelamente a isso, estão em evolução pesquisas para a droga ser usada em outros tipos de câncer.

Menos agressivo

O novo produto químico, em fase de patenteamento, diferencia-se dos outros por conter em sua fórmula um aminoácido de origem natural. Por isso, acredita-se que o medicamento tem chances de ser mais bem aceito pelo organismo, reduzindo os efeitos colaterais causados pelos atuais quimioterápicos, que utilizam substâncias sintéticas produzidas em laboratório.

Outro fator que tem entusiasmado os cientistas é que os níveis de concentração do complexo são muito baixos facilitando a absorção pelo organismo. “O fato de ser solúvel em água e estável em pH fisiológico pode facilitar também a aplicação do composto e permitir sua distribuição por todo o corpo humano”, diz um dos responsáveis pelo estudo, o químico Pedro Paulo Corbi, que realiza seu doutoramento no IQ.

O uso de compostos metálicos no tratamento do câncer não é novidade. O primeiro deles, a cisplatina, foi concebido à base de platina, em 1964, mas liberado para uso clínico apenas em 1978. A partir de então, vários outros têm sido produzidos para o tratamento do câncer. O paládio é derivado de outro metal, do mesmo grupo da platina.