Unesp: Pesquisadores de Guaratinguetá desenvolvem aquecedor solar mais eficiente

Equipamento produz temperatura três vezes superior aos comercializados, com custo menor

qui, 21/07/2005 - 10h32 | Do Portal do Governo

Estudos realizados no campus da Unesp de Guaratinguetá produziram um aquecedor solar inteligente, que pode levar a água a atingir temperaturas três vezes superiores às obtidas nos equipamentos tradicionais, além de ter um custo dez vezes menor. A novidade tem a vantagem de se movimentar, acompanhando a trajetória do sol ao longo do dia e, desse modo, colhendo com mais eficiência a sua radiação.

Desenvolvido por uma equipe coordenada pelo professor Teófilo Miguel de Souza, o dispositivo é composto por uma placa em formato parabólico de 3 metros de comprimento por 1 metro de largura. ‘Uma das novidades do nosso trabalho é o material que forma a placa: uma fina folha de aço recoberta por uma película de polietileno refletivo’, comenta o docente da Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá (FEG). O deslocamento da placa é orientado por um sensor luminoso e movimentado por um pequeno motor.

Souza explica que no foco da placa, ou seja, no ponto de maior incidência dos raios solares, é fixada uma serpentina formada por cinco pequenos canos de cobre, com 3 metros de comprimento. Ao passar pela serpentina, a água atinge entre 185ºC e 200ºC. ‘Nos produtos similares, as temperaturas em média atingem 60ºC’, compara o engenheiro eletricista.

Por atingir tal nível de calor, a invenção da equipe da FEG tem capacidade de produzir maior quantidade de água aquecida. ‘O vapor que sai do equipamento pode ser misturado à água em temperatura ambiente, o que resulta num maior volume de líquido para consumo’, esclarece o docente.

Vantagens

Outro aspecto destacado por Souza no projeto é a produção econômica do equipamento. ‘O aquecedor que desenvolvemos tem um custo aproximado de R$ 300,00, cerca de dez vezes menor que o preço dos produtos hoje comercializados’, argumenta. Como exemplo de solução barata, o pesquisador aponta o motor que movimenta a placa. ‘Utilizamos o motor de furadeira elétrica portátil, que funciona com uma pequena bateria e é vendido em média por R$ 35,00’, detalha.

Souza enfatiza a versatilidade do projeto, útil tanto em ambientes urbanos como rurais. Em locais que não dispõem de energia elétrica, por exemplo, o vapor produzido pelo aquecedor tem condições de substituir o querosene e o gás de cozinha utilizados no funcionamento de geladeiras. Também pode ser uma alternativa às turbinas a vapor que movimentam os geradores elétricos. Seu potencial envolve até mesmo a secagem de grãos, que passam por um tubo retangular de 10 centímetros de largura por 5 centímetros de altura, que é colocado no lugar da serpentina.

As pesquisas, realizadas no Centro de Energias Renováveis da FEG, têm a participação de três alunos de graduação: Fernando de Haro Moraes, Leandro Yossida e Murillo dos Santos Menezes. Segundanista de Engenharia Mecânica, Fernando está otimista com o andamento dos trabalhos. ‘O Brasil possui um grande potencial solar que ainda não é muito bem aproveitado’, assinala.

Energia limpa

A equipe da FEG também projetou um ‘modelo econômico’ de aquecedor, que mede 2 metros de comprimento por 1,60 metro de largura. Ele é formado por pequenas placas de PVC fabricadas para montar o forro de residências. Essas placas se assemelham a folhas de papelão: sua estrutura apresenta inúmeros ‘canais’, que são irrigados pela água introduzida por meio de encanamentos. Elas são unidas entre si e depois pintadas de preto, para absorver o calor vindo dos raios solares.

‘A água aquecida por esse equipamento atinge temperaturas entre 50ºC e 55ºC’, afirma o professor Souza. O pesquisador garante que o dispositivo pode ser produzido com um custo de aproximadamente R$ 300. ‘Como é uma solução de fácil montagem, pode ser feito e utilizado pela população de baixa renda e, no caso de uma família de quatro pessoas, economiza até R$ 40,00 por mês em energia elétrica’, conclui. Tanto as pesquisas do aquecedor inteligente como as do econômico tiveram o apoio da empresa Tekno S.A., que forneceu materiais como forros e canos de PVC e caixas-d’água.

Do Portal Unesp (Universidade Estadual Paulista)
Por André Louzas

(LRK)