Unesp: Pesquisadores catalogam espécies vegetais utilizadas no tratamento da malária

Três espécies revelaram grande potencial no alívio aos sintomas da doença

qua, 24/11/2004 - 11h13 | Do Portal do Governo

No Brasil, são registrados 500 mil novos casos de malária por ano, sendo que 80% deles ocorrem na Amazônia. Com base nesses dados, e no fato de que a doença ainda não tem cura, o engenheiro agrônomo Lin Chau Ming, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, desenvolveu um estudo na Amazônia com o objetivo de catalogar o maior número de espécies utilizadas no tratamento da malária.

Ming visitou uma série de comunidades da região e conseguiu registrar 126 espécies utilizadas para amenizar os sintomas da doença. A pesquisa, que também contou com a participação do pesquisador Ari Hidalgo, da Universidade Federal do Amazonas, estudou basicamente as plantas utilizadas por moradores próximos ao rio Solimões.

‘Em testes preliminares, cerca de 100 plantas apresentaram pelo menos algum efeito contra o Artemia franciscana, um microcrustáceo usado em experimentos para se detectar o potencial bioativo de certas substâncias’, disse à Agência FAPESP o pesquisador da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA/Unesp). Os primeiros testes foram realizados no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Os cientistas identificaram os nomes populares e a dosagem das plantas por meio de entrevistas com pessoas nativas, que têm conhecimento sobre as espécies medicinais. ‘O extrato do camapu (Physalis angulata), de sacaca (Croton cajucara) e da caapeba (Potomorphe peltata) estão entre as plantas que mataram todas as larvas de Artemia franciscana durante os testes’, disse Ming. ‘São espécies com grande potencial de se tornarem um medicamento que alivie os sintomas da doença’.

Segundo o agrônomo da Unesp, a segunda etapa da pesquisa deverá ocorrer no início de 2005 com outras espécies do Estado de Rondônia. ‘Desta vez, as plantas identificadas serão testadas diretamente contra o Plasmodium, o protozoário causador da doença’, disse. ‘A nossa expectativa é que pelo menos uma espécie de planta consiga apresentar resultados satisfatórios no que diz respeito à cura da malária’, acredita. Desta vez, os experimentos contarão com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa da Amazônia (Fapeam).

A malária é uma doença infecciosa causada por protozoários do gênero Plasmodium, transmitidos ao sangue humano por meio dos mosquitos Anopheles. O protozoário ataca células do fígado e os glóbulos vermelhos, causando sintomas como calafrios, febre alta, dores de cabeça e taquicardia.

Da Agência Fapesp
Por Thiago Romero

(LRK)