Unesp: Pesquisadores buscam melhorar produção de avestruz no Brasil

Campus de Araçatuba possui centro de pesquisa pioneiro no país

seg, 02/02/2004 - 19h59 | Do Portal do Governo

Introduzida no Brasil há cerca de oito anos, a criação de avestruzes – ou estrutiocultura – está se transformando numa expressiva atividade agropecuária. Atualmente, uma ave adulta chega a ser vendida por R$ 6 mil e um filhote, por
R$ 1.500. O Setor Experimental de Zootecnia da Faculdade de Odontologia, campus da UNESP de Araçatuba (FOA), é um dos centros pioneiros em pesquisas com esses animais, cuja produção se concentra principalmente no Estado de São Paulo.

A carne dessa ave é vermelha e muito saborosa, semelhante à do boi, embora mais saudável: possui 96,6 quilocalorias (kcal – medida que corresponde a mil calorias), número que no caso do gado bovino chega a 240 kcal. ‘Como a criação ainda é pouco praticada, a carne de avestruz é difícil de se encontrar e, por isso, muito cara, de R$ 40 a R$ 60 o quilo’, revela o zootecnista Manoel Garcia Neto, responsável pelo Setor.

As pesquisas se dividem em três áreas: incubação dos ovos, cuidados com as matrizes e organização dos piquetes – locais onde se criam avestruzes para reprodução e abate. ‘A incubação natural é muito difícil no Brasil por causa do clima’, explica Neto. ‘O avestruz precisa de 20% de umidade e no Estado de São Paulo, por exemplo, a taxa é de mais ou menos 50%.’ Os ovos são mantidos durante 42 dias no incubatório – em média 700 deles permanecem nesse local por mês. Depois do nascimento, os filhotes ficam 3 dias na maternidade e 4 semanas em um ambiente com temperatura controlada, chamado de berçário, antes de serem entregues ao criador.

Com as matrizes, são feitos estudos em relação à alimentação e ao manejo, ou seja, à melhor forma de lidar com o animal. Segundo Neto, essas aves precisam de muito espaço para serem criadas. ‘Para cada animal destinado ao abate, são necessários cerca de 40 m2 de espaço livre e, para os selecionados como reprodutores, de 600 a 1.000 m2’, esclarece.

Para que a reprodução seja mais eficiente, os pesquisadores buscam algumas características, como maior produtividade, período de acasalamento mais prolongado e idade reprodutiva mais precoce. As fêmeas atingem a maturidade sexual aos 2 anos e os machos, entre 2,5 e 3 anos. ‘Consideramos os filhotes de adultos dóceis mais adequados para a produção’, afirma o docente, acrescentando que o avestruz é um animal agressivo, principalmente na época da reprodução.

Além da carne, outro item bastante comercializado é o couro dessa ave, conhecido pela maciez e um dos mais caros do mundo, só perdendo em preço para o de jacaré. ‘O comércio de penas é mais difícil, porque há uma idade apropriada em que elas podem ser utilizadas e o criador precisa se especializar nesse processo’, explica Neto.

Assessoria de Imprensa da Unesp

M.J.