Unesp pesquisa reaproveitamento de plásticos de postos de gasolina

Método de reciclagem desenvolvido representará grande vantagem para o País

qui, 13/03/2003 - 10h33 | Do Portal do Governo

Da Agência Imprensa Oficial


O engenheiro-agrônomo João Antonio Galbiatti, do Departamento de Engenharia Rural da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), câmpus da Unesp de Jaboticabal, fez as contas dos prejuízos econômicos e ambientais causados pelos frascos plásticos de postos de gasolina e desenvolveu um método de reciclagem de que representará grande vantagem para o País.

Entre os diversos materiais descartados no meio ambiente, sem tratamento adequado, as garrafas do tipo Pet (polietieno tereftalato) e os frascos plásticos dispensados pelos postos de gasolina, de polietieno de alta densidade (Pead) preocupam administradores públicos, pesquisadores e ambientalistas.

O motivo é que esses materiais, entre outros da mesma natureza, ocupam grandes espaços nos lixões, além de levarem cerca de cem anos para serem degradados. Soma-se a isso o fato de os frascos Pead conterem resíduos de óleo altamente poluentes. “Apenas um litro de óleo contamina cerca de um milhão de litros de água”, explica o pesquisador.

De acordo com informações da Associação de Revendedores de Derivados de Petróleo de Campinas e região (Recap), onde foram recolhidos os materiais do estudo, existem cerca de 2.800 postos de gasolina, que geram aproximadamente 154 toneladas de frascos contaminados por mês. “São 12 mil m3 de plástico por ano que vão direto para os aterros sanitários.”

Tecnologia específica

Com a possibilidade da reciclagem, esse material é transformado em grânulos, que podem ser utilizados na fabricação de conduítes, mangueiras para irrigação, frascos para óleos lubrificantes e aditivos, caixas para fiação elétrica, cabides, pregadores, vasos de plantas e outros produtos. “Os grânulos foram testados e aprovados em pequenas indústrias de plásticos”, informa o pesquisador.

Embora haja no mercado empresas que já operem a reciclagem de Pets, elas não trabalham com frascos descartados pelos postos. A razão, segundo o agrônomo da FCAV, é a necessidade de uma tecnologia específica de descontaminação para a retirada do óleo residual das embalagens. “A viscosidade do óleo ajuda sua fixação no plástico, por isso é difícil sua remoção”, explica.

Com a utilização de uma solução especial, não somente o óleo é separado, como também é possível fazê-lo retornar ao processo produtivo. “Cada metro cúbico de embalagens lavadas gera de seis a sete litros de óleo”, esclarece.

Por resultar em uma tecnologia de fácil aplicação, utilização imediata e com baixo custo, esse estudo recebeu Menção Honrosa na Primeira Mostra de Tecnologia da Unesp, realizada em outubro. “O emprego da tecnologia está, agora, a cargo do sistema produtivo”, comenta o pesquisador, ressaltando que setores da Petrobras já demonstraram interesse pela técnica.

(AM)