Unesp: Laboratório da Medicina Botucatu faz mapeamento de óbitos

Pesquisa vai permitir identificar a incidência de doenças para definição de políticas públicas

sex, 29/08/2003 - 12h47 | Do Portal do Governo

O Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina de Botucatu montou um laboratório para fazer mapeamento da distribuição e das causas de mortes de habitantes no município. Professores e alunos realizam o trabalho no local, pesquisando os atestados de óbitos dos últimos 13 anos. O resultado final será conhecido em outubro ou novembro.

O professor Ricardo Cordeiro, responsável pelo laboratório, informa que sua equipe estuda os documentos levando em consideração o nome do morto, idade, sexo, causa do óbito, endereço e local da morte. “Armazenamos essas informações num programa de geoprocessamento para futuras análises.”

Até agora, a causa mortis mais encontrada foram as doenças cardiovasculares (40%). A seguir vêm cânceres, causas externas (suicídios, homicídios e mortes no trânsito) e doenças respiratórias.

Prevenção de doenças

Quando estiver concluído o mapeamento, informa Cordeiro, será possível tirar algumas conclusões do estudo. “Se a gente detectar algum foco de doenças num determinado espaço, saberemos que algo de anormal ocorre no local. Por exemplo, várias mortes em bairros ou residências próximas a torres de transmissão elétrica podem indicar que as instalações estejam causando a doença. Esse fato é bastante discutido no mundo, atualmente.”

Ele cita as doenças respiratórias, num certo espaço, que podem ser causadas por problemas ambientais, como poluição. Existem, ainda, as mortes violentas, que, segundo o professor, sugerem a existência de problemas graves em áreas de conflito social . É importante saber onde ocorrem com maior incidência, para conhecimento das autoridades e auxílio a futuras políticas públicas. “Todas as informações mapeadas serão úteis na prevenção de doenças.”

O laboratório ocupa espaço de aproximadamente 60 metros quadrados na Unesp de Botucatu, à qual pertence a Faculdade de Medicina. Os estudantes que trabalham na pesquisa são das áreas médicas, nutrição, geografia, geologia, biologia e ciências sociais. Eles manuseiam quatro microcomputadores equipados com softwares de análise espacial. O investimento foi da ordem de R$ 50 mil, sendo R$ 40 mil provenientes da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o restante da própria universidade.

Otávio Nunes
Agência Imprensa Oficial

(AM)