Unesp: Estudo revela que radiação gama mantém as características dos alimentos

Pesquisa utiliza processo de irradiação que reduz a perda de substâncias nutritivas e aumenta a sua durabilidade

qua, 02/04/2003 - 11h00 | Do Portal do Governo

Da Agência Imprensa Oficial e Assessoria de Imprensa da Unesp/Botucatuto


Ao contrário do que normalmente se pensa, a radiação nem sempre traz problemas ao homem e pode, inclusive, ser benéfica. A radiação gama pode ser utilizada na conservação de frutos minimamente processados -alimentos que, antes de estarem disponíveis para o consumo, são descascados, cortados, higienizados e embalados. Estudo realizado pela Unesp mostra os benefícios que o processo pode trazer aos alimentos.

A pesquisa, intitulada “Radiação gama na conservação de frutos minimamente processados”, utiliza um processo de irradiação que “deixa o alimento menos suscetível a doenças, reduz a perda de substâncias nutritivas e aumenta a sua durabilidade, uma vez que retarda o ciclo de amadurecimento da fruta”, explica o engenheiro agrônomo Rogério Lopes Vieites, professor do Departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial, da Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp, campus de Botucatu.

O processo pode ser realizado quando os produtos estão embalados, pois a radiação tem alto poder de penetração. “Além de descontaminar e esterilizar o alimento, reduz em até dez vezes o tempo de preparo”, garante. “Isso pode, inclusive, facilitar e incentivar o consumo de frutas e legumes”, acredita.

Método alternativo

O projeto, que utilizou abacaxi, manga e mamão, mostra um método alternativo aos procedimentos de conservação, atualmente realizados por meio de ozônio ou cloro. ‘O cloro deixa cheiro e gosto e o ozônio tira a cor natural dos alimentos, fazendo com que fiquem com aspecto de velhos’, explica o professor.

A aplicação é feita a partir do cobalto 60, uma partícula sólida que, ao liberar radiação gama, não deixa resíduos no alimento, impedindo que o material se torne radioativo. O processo de irradiação foi feito pela Empresa Brasileira de Radiações, e o projeto – iniciado em agosto de 2001 com término previsto para agosto deste ano – foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

O custo fica em torno de US$ 10 a US$ 15 a tonelada, mas é pouco utilizado no país. “Existem pesquisas sendo feitas em vários lugares do mundo nessa área, mas no Brasil temos dois problemas: a falta de conhecimento sobre esta forma de conservação e o preconceito com relação aos efeitos da radiação”, afirma o pesquisador.

(AM)