Unesp: Dicionário inédito vai pesquisar origens do Português brasileiro

Coordenada pela Universidade Estadual Paulista, pesquisa de R$ 1 milhão foi aprovada pelo CNPq

sex, 21/10/2005 - 13h00 | Do Portal do Governo

Coordenada pela UNESP, pesquisa de R$ 1 milhão foi aprovada pelo CNPq

O projeto de pesquisa Dicionário Histórico do Português do Brasil – séculos XVI, XVII e XVIII, coordenado pela UNESP (Universidade Estadual Paulista) e orçado em R$ 1 milhão, foi aprovado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), na esfera do Programa Instituto de Milênio, iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia. Pioneiro, o projeto terá a participação de pesquisadores de diversas instituições de ensino superior, do Brasil e de Portugal.

O dicionário será construído a partir de textos sobre o Brasil e produzidos por brasileiros ou portugueses radicados definitivamente no país desde o século XVI. A instituição-sede do projeto será a Faculdade de Ciências e Letras da UNESP, campus de Araraquara, cujo Laboratório de Lexicografia desenvolve pesquisas sobre a lexicologia, lexicografia e lingüística de Corpus, além da produção de vários dicionários. A lingüista e lexicógrafa Maria Tereza Camargo Biderman, que atua na pós-graduação da Faculdade de Ciências e Letras, coordenará o projeto.

Ao propor a elaboração deste dicionário, a pesquisadora – que contabiliza cerca de 30 anos de vida acadêmica e a autoria de outros quatro dicionários – levou em consideração as lacunas existentes na lexicografia nacional sobre o vocabulário nos primeiros tempos da formação do português brasileiro. ‘As informações etimológicas e históricas dos dicionários de Língua Portuguesa são questionáveis. Elas não têm base em estudos sólidos sobre a história do nosso vocabulário simplesmente porque estes estudos nunca foram feitos’, afirma.

Maria Tereza ressalta que a tarefa de organizar um dicionário não é simples, principalmente quando se trata de montar uma base de dados, fundamentada em manuscritos do início da formação do Brasil. Inicialmente, a pesquisadora e sua equipe irão estabelecer critérios e metodologia para selecionar documentos. ‘Só nesta etapa consumiremos um ano’, explica a docente.

A partir destes dados, será organizada uma base informatizada do Português do Brasil ou sobre o Brasil dos séculos XVI, XVII e XVIII. Na etapa seguinte, serão estabelecidos critérios lexicográficos e modelos para a elaboração dos verbetes, ou seja, será feito um planejamento de como as palavras deverão aparecer para o consulente. ‘Ao final do terceiro ano, deveremos ter um dicionário de cerca de dez mil palavras’, diz Maria Tereza.

A importância da institucionalização deste projeto pelo Instituto do Milênio, segundo a pesquisadora, é que ele poderá ser ampliado à medida que novas etapas forem concluídas. ‘Os dicionários europeus de modelo histórico são obras de financiamento público de longa duração’, diz, Maria Tereza, também autora do Dicionário Contemporâneo de Português (Editora Vozes, 1982); Dicionário Didático de Português (Editora Ática, 1998); Dicionário Ilustrado de Português (Editora Ática, 2005); e Dicionário do Estudante (Editora Globo, 2005).

As instituições parceiras da UNESP no projeto são a Universidade de Évora, em Portugal – que trabalha em consonância com a Biblioteca de Évora, a qual possui um importante acervo de documentos referentes ao Brasil do início de nossa história -; USP, campi de São Paulo e São Carlos; Universidade Federal de São Carlos; Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Universidade Federal de Minas Gerais; Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e Universidade Federal da Bahia.

Assessoria de Imprensa da UNESP