Do Portal da Unesp
Graças aos avanços da medicina, nos próximos 20 anos, o Brasil deverá tornar-se o sétimo país do mundo em número de idosos. Serão aproximadamente 32 milhões de pessoas acima dos 60 anos, representando quase 15% do total da população. Esses dados se tornam ainda mais impressionantes quando se verifica que, em 1940, eles representavam apenas 4% dos brasileiros.
As previsões já começam a gerar reflexos em áreas como o ensino e o atendimento odontológico. A Faculdade de Odontologia (FO) do campus da UNESP de São José dos Campos, por exemplo, criou a disciplina de Odontologia Geriátrica já em nível de graduação. O objetivo é melhorar a formação do aluno para atender às especificidades dessa faixa etária.
‘As mudanças demográficas nos levaram a enfatizar, no preparo dos nossos cirurgiões-dentistas, a melhora da qualidade de vida dessas pessoas’, diz o coordenador do curso de graduação da FO, Warley David Kerbauy. Ele ressalta as peculiaridades do tratamento, por exemplo, de um paciente idoso diabético. ‘Sua resposta à cicatrização é mais lenta, podendo ter complicações como neuropatia, doenças cardiovasculares e retinopatia’, acentua.
Incluída na grade curricular do terceiro ano, com 40 horas/aula, a disciplina proporciona aos alunos, além da formação teórica, a oportunidade de aprimoramento prático, com atividades como visitas domiciliares às pessoas atendidas pelo Centro do Atendimento ao Idoso da cidade.
Embora não tenha uma disciplina específica voltada para a terceira idade, o curso da Faculdade de Odontologia, campus de Araçatuba, aborda o tema em outras áreas e proporciona aos alunos o contato com essa parcela da população por meio de projetos de extensão. Um exemplo é o Programa de Atendimento ao Idoso que funciona desde 1999 e envolve 25 pessoas, entre docentes, pós-graduandos, graduandos bolsistas e funcionários. ‘A meta é promover a saúde, prevenir as doenças e recuperar a saúde bucal por meio de estratégias que envolvem ações educativas, preventivas e reabilitadoras’, diz a coordenadora do projeto, a docente Nemre Adas Saliba.
As atividades clínicas são desenvolvidas na própria UNESP para 300 pacientes de três asilos do município. Segundo Saliba, durante a graduação os alunos aprendem questões como as alterações fisiológicas do envelhecimento, condições de vida, limitações fisiológicas nos tratamentos e a prescrição dos medicamentos.
A mesma preocupação está presente na Faculdade de Odontologia do campus de Araraquara. O coordenador do curso de graduação, Carlos Cruz, lembra que o conteúdo específico referente aos idosos é diluído nas disciplinas de Prótese Total, Parcial e Fixa, Clínica Integrada, Periodontite e Cirurgia. Além disso, há um projeto de extensão que faz atendimento em um asilo da cidade, coordenado pela professora Andréia Affonso Montandon.
Cruz acrescenta que a disciplina de Odontogeriatria está prevista na proposta de reforma curricular que deve entrar em vigor nos próximos anos. ‘Ela virá como disciplina optativa para quem desejar obter um conhecimento mais integrado, mas acreditamos que no futuro ela se torne obrigatória’, acentua.
V.C.
