Uma equipe do Departamento de Odontologia Restauradora, da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), câmpus de São José dos Campos, realiza uma série de estudos para demonstrar e comprovar os efeitos danosos dos produtos que são utilizados na clareação dos dentes.
“As pessoas, com a intenção de melhorar a aparência, estão usando produtos de efeitos clareadores sem se dar conta dos danos irreversíveis a que estão sujeitas. Essa atitude pode causar problemas à polpa, ou seja, à parte viva do dente, e sobre os tecidos que lhe dão sustentação – gengiva e osso. A decisão de embelezar o sorriso pode ter conseqüências danosas para a saúde”, afirma a professora Márcia Carneiro Valera, coordenadora da equipe que participa dos estudos.
Feitos à base de peróxidos de hidrogênio (água oxigenada) e peróxido de carbamida, eles se apresentam sob a forma de líquido ou gel. Após a proteção da gengiva, aplicados na superfície externa dos dentes, penetrando em sua estrutura, onde desencadeiam reação química que leva à produção de substâncias clareadoras.
O risco nesse processo, de acordo com Márcia, é que o clareador, em muitos casos, pode atingir a polpa dentária. “Quando isso ocorre, há o risco de haver uma reação inflamatória. Embora não tenhamos dados conclusivos, é possível que a substância provoque até mesmo a morte da polpa”, adverte.
As pesquisas avaliam o grau de absorção desses produtos, levando em conta vários períodos de aplicação e níveis de concentração da substância. Em sua dissertação de mestrado, Ana Raquel Benetti, que teve a orientação da professora Márcia, avaliou a penetração dos clareadores na câmara pulpar – local onde fica a polpa, popularmente conhecido como canal), principalmente em dentes restaurados.
Ana assinala que, embora seja um estudo em laboratório (in vitro), os resultados sugerem que a restauração dentária pode facilitar a chegada dos clareadores à câmara pulpar. “Se o clareamento for feito sem critério, pode acentuar os efeitos colaterais do peróxido de hidrogênio, resultando em maior sensibilidade após o tratamento ou danos irreversíveis à polpa”, conclui.
Da Agência Imprensa Oficial
(AM)