Unesp: Clareamento dentário pode provocar danos irreversíveis aos dentes

Pesquisas avaliam grau de absorção de produtos, levando em conta períodos de aplicação e níveis de concentração

qua, 23/06/2004 - 10h43 | Do Portal do Governo

Uma equipe do Departamento de Odontologia Restauradora, da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), câmpus de São José dos Campos, realiza uma série de estudos para demonstrar e comprovar os efeitos danosos dos produtos que são utilizados na clareação dos dentes.

“As pessoas, com a intenção de melhorar a aparência, estão usando produtos de efeitos clareadores sem se dar conta dos danos irreversíveis a que estão sujeitas. Essa atitude pode causar problemas à polpa, ou seja, à parte viva do dente, e sobre os tecidos que lhe dão sustentação – gengiva e osso. A decisão de embelezar o sorriso pode ter conseqüências danosas para a saúde”, afirma a professora Márcia Carneiro Valera, coordenadora da equipe que participa dos estudos.

Feitos à base de peróxidos de hidrogênio (água oxigenada) e peróxido de carbamida, eles se apresentam sob a forma de líquido ou gel. Após a proteção da gengiva, aplicados na superfície externa dos dentes, penetrando em sua estrutura, onde desencadeiam reação química que leva à produção de substâncias clareadoras.

O risco nesse processo, de acordo com Márcia, é que o clareador, em muitos casos, pode atingir a polpa dentária. “Quando isso ocorre, há o risco de haver uma reação inflamatória. Embora não tenhamos dados conclusivos, é possível que a substância provoque até mesmo a morte da polpa”, adverte.

As pesquisas avaliam o grau de absorção desses produtos, levando em conta vários períodos de aplicação e níveis de concentração da substância. Em sua dissertação de mestrado, Ana Raquel Benetti, que teve a orientação da professora Márcia, avaliou a penetração dos clareadores na câmara pulpar – local onde fica a polpa, popularmente conhecido como canal), principalmente em dentes restaurados.

Ana assinala que, embora seja um estudo em laboratório (in vitro), os resultados sugerem que a restauração dentária pode facilitar a chegada dos clareadores à câmara pulpar. “Se o clareamento for feito sem critério, pode acentuar os efeitos colaterais do peróxido de hidrogênio, resultando em maior sensibilidade após o tratamento ou danos irreversíveis à polpa”, conclui.

Da Agência Imprensa Oficial

(AM)