Unesp: Cerca de 50% da produção de bananas é desperdiçada no Brasil

39 toneladas foram perdidas no ano passado. O prejuízo estimado foi de R$ 35 mil

ter, 10/02/2004 - 11h14 | Do Portal do Governo

Do Portal da Unesp

Todos os anos, quase metade das bananas produzidas no Brasil é desperdiçada, por falta de planejamento administrativo e infra-estrutura adequada nos estabelecimentos comerciais. Um estudo feito na Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da UNESP, campus de Botucatu, constatou que 39 toneladas da fruta foram perdidas no ano passado na cidade, com um prejuízo estimado em R$ 35 mil.

A partir da aplicação de um questionário, o estudo avaliou o comércio de banana-prata, banana-nanica e banana-maçã em supermercados, quitandas, sacolões e feiras livres. O objetivo era determinar o valor das perdas, suas causas e possíveis soluções. ‘O principal motivo do desperdício é a inexistência de uma gestão de estoque por parte dos comerciantes’, afirma o agrônomo José Matheus Perosa, professor da FCA e orientador da pesquisa.

Embalagens impróprias colaboram para o problema. As mais utilizadas são caixotes de madeira, que comprimem as frutas e provocam danos físicos. Modificações no tamanho das embalagens ou no peso embalado do produto também podem ser opções para diminuir os estragos.

A agrônoma Cíntia de Souza Silva, pós-graduanda da FCA e executora da pesquisa, explica que a adoção de outro material para a embalagem não é tão simples: ‘Essa inovação exigiria mudanças culturais e estruturais ao longo da cadeia da banana’, afirma a pesquisadora. ‘A consciência de que as perdas são um reflexo de uma série de atividades ao longo de um sistema, porém, é de fundamental importância para futuras transformações.’

A falta de organização estrutural também foi apontada como fonte de desperdício. Segundo a pesquisa, a perda corresponde a 10,5% do total em supermercados, 10,6% em feiras livres e 15% em quitandas e sacolões. A agrônoma explica que os supermercados dispõem de melhor infra-estrutura para operação com hortifrútis. ‘No caso das feiras livres, as compras pontuais e com menor diversificação fazem com que seus níveis de perda sejam semelhantes ao do supermercado’, ressalta Cíntia. Nas quitandas e sacolões – onde o desperdício é maior -, a estocagem chega a durar seis dias.

O professor Perosa ressalta que a pesquisa trata apenas de Botucatu, mas que o problema ocorre em todo o país. Segundo ele, o alto índice de perdas na comercialização de bananas no Brasil faz com que somente cerca de 50 a 60% da produção chegue à mesa do consumidor. ‘A conclusão mais relevante da pesquisa é que os donos dos estabelecimentos não têm noção de administração’, conclui. ‘É preciso haver investimento em treinamento e capacitação técnica para os encarregados do setor de frutas e hortaliças do comércio.’

Mais informações podem ser obtidas no sitewww.unesp.br
V.C.